sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Concebido numa tarde ociosa...

















('Vision' - Odilon Redon)


Sempre que vem alguém dizer ‘você está  bem hoje’, é porque num outro dia você não estava bem. Outro dia, alguém veio e disse: ‘Herman, você está estranho hoje!’. Isso me deixou tranqüilo, pois, dentro de certa lógica, significa que, normalmente, não estou estranho. Guardadas as proporções e relatividades disso tudo, cada dia é um dia e a cada dia o estado de espírito se comporta diferente. Quando alguém vem e fala: ‘O que foi?’, sem ter nada sido, algo está errado. E se não é contigo, certamente é com quem perguntou, pois essa dúvida, essa desconfiança, esse receio, vem do questionador, neste caso. Você está na sua e só porque o outro acha que ‘você está diferente hoje’, você tem que ouvir e, às vezes, até pensar sobre isso. Isso tudo só quer dizer que a realidade nem sempre é perfumada e que as coisas geralmente não são o que parecem ser, além de que, as pessoas observam muito nas outras, mesmo não sendo boas observadoras ou interpretes, pois, geralmente também, erram muito nas suas percepções. Então, assim idealizam suas próprias realidades para poderem tentar entender, ou achar que entendem da realidade do outro a partir da forma ou expressão corporal ou física, como que se a alma falasse através do corpo. Já pensaram em olhar para os olhos? É através deles que a alma se manifesta ao mundo exterior. Bem, pelo menos eu acredito que seja.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 29/11



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