Orlando Sabino,
vida e morte: 'o monstro do triângulo' da ditadura
Ele era um andarilho, pessoa da vida, do mundo,
e tinha nome: Orlando Silva! – dentre tantos ‘Silvas’ que rodam por aí. Os
tempos eram duros, sob tudo para ele. O regime militar atuava de forma real e
teatral, violentando, perseguindo, caçando direitos e criando. Criava 'estórias' para legitimar e
justificar seus atos. Uma dessas 'estórias' foi a do 'monstro do triângulo' que
confessou seus 'crimes' a troco de rapadura, sabendo os agentes da ditadura
essa sua paixão por doces. Mortes de pessoas e animais foram atribuídas a
Orlando que, preso em um manicômio, viveu 37 anos por lá. Acusação e
confinamento injustos. Quando que, quem matava era a ditadura, através de seus
agentes. Criaram acima disso uma lenda, um mito, convencendo parte da população
regional da suposta 'verdade', de que existia esse 'monstro', alimentando
assim, a cultura do medo que silencia. Eis a justiça e a dignidade do regime
militar! Eis o monstro! Seus crimes 'monstruosos': ser um andarilho, um
clandestino, um nômade, um 'homem de fronteira', pobre de bens, rico em
andares. Foi tido como 'doente mental'. Sua doença: não ser ambicioso ao modo
acumulativo de viver. Seu 'erro': não participar do jogo, do espetáculo
cotidiano - mesmo assim, por este jogo utilizado. Orlando não era comunista,
nem tampouco monstro ou assassino. Orlando era apenas gente! Gente que serviu
de bode expiratório ao regime militar, no cumprimento das ações ludibriantes e
violentadoras dessa ditadura. Ano
passado morreu Orlando Sabino. Ninguém ficou sabendo. Orlando não era
conhecido, mas o ‘monstro’ inventado pela ditadura era. Mas antes de morrer pôde realizar seus sonhos,
suas ambições, já que, sendo gente, também os tinha, mas longe dos interesses
ideológicos de grupos de poder, regimes e afins. Longe da ganância cultural
dessa civilização que não se considera
'doente'. Antes de morrer, Orlando Sabino realizou seus sonhos... Foi chupar
laranja no pé. Depois, foi dormir sozinho e em silêncio, deitado na grama...
* Essa história em reportagem: http://tvuol.uol.com.br/video/ditadura-atribuiu-crimes-a-doente-mental-que-os-confessou-em-troca-de-doces-0402CC983560E0C94326/?types=A
* Em
memória.
A universidade federal
e o poder público local...
Durante a semana, pelos meios de comunicação, a notícia de inclusão,
pelo MEC, de 40 vagas para um curso de graduação em Medicina na UFFS Campus
Chapecó, como parte do plano de expansão das vagas para cursos de Medicina em
todo o país promovido pelo governo federal. Frente
a isso, não vi o senhor prefeito, como ‘autoridade máxima’ da cidade se
pronunciando a respeito. Aliás, parece que, desde o começo, o poder público
local fez (e ainda faz) corpo mole frente a uma realidade nova, ou seja, um
campus de universidade pública federal na cidade. Dada à importância desse
empreendimento, as autoridades locais parecem não dar o devido valor a isso.
Penso que, em se tratando de uma universidade pública, a prefeitura, antes
mesmo da obra do prédio estar funcionando, deveria ter garantido o bom acesso
ao local, o que não fez. Essa ‘omissão’ mostra certo descaso do poder público
local com os avanços na área educacional e social do país, no mínimo...
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó
Um comentário:
É bom que fique bem registrado o comportamento desses tipos aí do serviço público. Porque o tempo passará, e o processo/educação que se construirá a partir do interesse dos estudantes/comunidade é um movimento que nunca mais vai retroceder, a Fronteira Sul está se espraiando, se espraiando, e esses mofados aí são capazes de querer aparecer na foto um dia.
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