terça-feira, 16 de junho de 2015

Leituras do Cotidiano

Obscenidade política

Estereótipo da família feliz: O marido, uma mulher e filhos, todos felizes e sorridentes. Família nuclear patriarcal. Um teatro. Uma interpretação. A imagem do ‘homem de bem’ representada publicitariamente. Imagem que, em muitos casos, não condiz com a realidade. Atrás da imagem, quando ideológico-publicitária, geralmente se escondem as ações. Neste caso, a imagem serve para disfarçar, distorcer ou esconder ações. Eis a fachada, a camuflagem, o embuste. Acima da mesa um panfleto religioso, convite para missa. Debaixo da mesa, o celular e a pornografia. Imagem típica do dualismo, onde ‘bem’ e ‘mal’, lados aparentemente opostos do mesmo rosto: por cima em evidência, a santidade, a moral, o ‘bom mocismo’. Por baixo escondido, o fetiche, o imoral, a ‘perversão’.  Um servindo de escudo do outro. Parafraseando Juremir Machado da Silva: “A reforma política é tão obscena que o deputado foi flagrado assistindo vídeo pornô no momento da votação”. E votou a favor da continuação dos financiamentos privados nas campanhas eleitorais, motivo principal da corrupção institucionalizada, conste!
Depois do acontecimento tornado público, um videozinho para as redes sociais se auto-vitimizando e justificando a farra no trabalho (que deveria ser sério, pois, trata-se de, além do trabalho, uma votação séria que compromete muito do nosso contexto político, social e econômico), culpando os amigos (mui amigo! – e os ‘amigos’, tolos de costas largas, rindo, integrados na farra). Mas, na Sodoma do nosso atual Congresso BBB (Boi, Bíblia e Bala), ações como esta, são só mais uma entre tantas.
            Com um Congresso como o atual, o falador enrustido, sentindo-se em casa, tem como disfarce sua imagem produzida para alimentar o espetáculo, a ilusão dos mais ingênuos, desavisados ou tolos. Além do uso da retórica, da oratória e discurso para ludibriar e camuflar. Eis mais um capítulo do espetáculo nosso de cada dia. E o circo continua... Mas quem são os palhaços? Eu sei, e você?!


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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