Obscenidade
política
Estereótipo
da família feliz: O marido, uma mulher e filhos, todos felizes e sorridentes.
Família nuclear patriarcal. Um teatro. Uma interpretação. A imagem do ‘homem de
bem’ representada publicitariamente. Imagem que, em muitos casos, não condiz
com a realidade. Atrás da imagem, quando ideológico-publicitária, geralmente se
escondem as ações. Neste caso, a imagem serve para disfarçar, distorcer ou esconder
ações. Eis a fachada, a camuflagem, o embuste. Acima da mesa um panfleto
religioso, convite para missa. Debaixo da mesa, o celular e a pornografia.
Imagem típica do dualismo, onde ‘bem’ e ‘mal’, lados aparentemente opostos do
mesmo rosto: por cima em evidência, a santidade, a moral, o ‘bom mocismo’. Por
baixo escondido, o fetiche, o imoral, a ‘perversão’. Um servindo de escudo do outro. Parafraseando
Juremir Machado da Silva: “A reforma política é tão obscena que o deputado foi
flagrado assistindo vídeo pornô no momento da votação”. E votou a favor da
continuação dos financiamentos privados nas campanhas eleitorais, motivo
principal da corrupção institucionalizada, conste!
Depois do acontecimento
tornado público, um videozinho para as redes sociais se auto-vitimizando e
justificando a farra no trabalho (que deveria ser sério, pois, trata-se de,
além do trabalho, uma votação séria que compromete muito do nosso contexto
político, social e econômico), culpando os amigos (mui amigo! – e os ‘amigos’,
tolos de costas largas, rindo, integrados na farra). Mas, na Sodoma do nosso
atual Congresso BBB (Boi, Bíblia e Bala), ações como esta, são só mais uma
entre tantas.
Com um Congresso como o atual, o falador
enrustido, sentindo-se em casa, tem como disfarce sua imagem produzida para
alimentar o espetáculo, a ilusão dos mais ingênuos, desavisados ou tolos. Além
do uso da retórica, da oratória e discurso para ludibriar e camuflar. Eis mais
um capítulo do espetáculo nosso de cada dia. E o circo continua... Mas quem são
os palhaços? Eu sei, e você?!* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.
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