sexta-feira, 8 de junho de 2012

Transporte ou status? A corrida pro além...

















O governo federal optou pela facilitação na compra de automóveis. Muita gente sem casa para morar com um carro zero na garagem. E o transporte público? Culto a cultura individualista de caráter liberal-burguês. Consumismo. Submissão ao tempo da fábrica. Muitas cidades já estão intransitáveis, o petróleo poluindo o mundo, guerras alimentadas pela disputa de poder em torno dessa economia/energia. Enquanto isso, amarguramos um péssimo transporte público no Brasil. E não vamos longe, é só pensar na nossa própria cidade e nos ônibus que circulam por ela. E os trens? E as bicicletas? E a relação humana com as caronas? É a contradição do sistema. E o Estado acaba de facilitar a aquisição do carro a motor, fortalecendo o status existente em torno dele. O motor da máquina potencializando a fraqueza humana, sob tudo a masculina. E a disputa por vaga e espaço nas ruas aumenta. E a concorrência do ‘chegar primeiro’ também. Sem contar os acidentes de transito e os pobres cães atropelados. Tudo em alta velocidade, acompanhando a ganância, o ‘quem pode mais chora menos’ do mundo moderno-contemporâneo. E eu remando contra a maré, nessa minha lentidão frente a maquinaria cotidiana. Sou neto de caboclo e herdei um pouco da natureza de meu avô. Não quero saber de correr. Pra quê? Correr muito cansa, faz mal para a saúde – e a minha não é das melhores. Produzir rapidamente em larga escala para participar e sustentar um modo de vida que beira a decadência? Não, pra mim não, obrigado! Não busco status ou poder. Apenas caminho. Passo a passo. Por mais que eu seja pressionado, cobrado, às vezes criticado por isso, é assim que vou. Sentindo cada passo dado e o chão sob meus pés. Não quero chegar antes, pois sei que ao cruzar a linha de chegada, tudo se encerra, e lá no fim, está o futuro de todos os seres que estão dentro do tempo, dentro da história: a morte! Existe um filme, dos mais belos já produzidos no Brasil e no mundo que se chama: ‘Nós que aqui estamos, por vós esperamos’. Esta belíssima película narra em imagens e música, a história da humanidade do breve século XX. Obra do cineasta brasileiro Marcelo Masagão, com orientação do historiador Nicolau Sevcenko e com referências do historiador inglês (o mais velho ainda vivo – e um dos maiores intelectuais da história) Eric Hobsbawm. Nela podemos sentir mais de perto e perceber a nossa busca, e onde, no final das contas, TODOS vamos chegar. Indico. Enfim... E você, ainda tem pressa?

Herman G. Silvani

                                                                                   Jornal Folha do Bairro, 08/06/2012



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