sexta-feira, 29 de junho de 2012

Violência naturalizada...




















Chapecó pertence ao mundo. Foi essa a resposta que obtive quando comentei algo no facebook sobre o aumento estrondoso dos homicídios por aqui. Alguém ao lado da atual administração quis me dizer que a violência não é exclusividade nossa. E eu concordo. Porém, não vejo isso com tanta passividade assim. Se fosse só isso, nem comentaria. É fato que a violência se distribui pelo globo, mas pensar assim, tão pequeno e simplificado, acaba naturalizando esta (in)‘verdade’. Como se não fosse possível tratar dessa situação, pelo menos a amenizando. Mas como? Não tenho respostas, mas sim, algumas questões que podem provocar ações frente a isso. Questões de não naturalizar, não divinizar a violência, tipo: ‘Deus é quem sabe!’. Bem, vamos a elas: Onde estão os programas e projetos sócio-culturais, educativos, interativos para, pelo menos, amenizar essa situação? Sendo que, parte dos crimes está vinculado a menores de idade e suas faltas de perspectiva, de consciência política, social e cultural? Numa sociedade segmentada, competitiva, exibicionista, exagerada, consumista, individualista, repleta de mediocridades, esse é o resultado. A cidade de Xapecó, como tantas, cresce em seus altos prédios, ditas câmeras de monitoramento (ou de vigia?), mas não cresce em seus espaços de convivência, seus espaços culturais, artísticos, de pensamentos e possibilidades. Nem todos vivem de discurso e 'pão e circo', nem tampouco de submissão ou medo da repressão. A repressão nunca adiantou e nem vai adiantar – NADA!. Com mais investimentos públicos em áreas HUMANAS, quem sabe, cresceremos realmente - para além do concreto. Caso contrário, a 'batalha' nas ruas que ‘só faz vítimas’ continuará. Um modelo de sociedade como a nossa, como diz um velho pensamento anarquista, “cria suas vítimas para depois penalizá-las”. Em Xapecó, o assassinato de um policial militar nos últimos dias gerou certa polêmica. De uma forma ou de outra, esse 'cidadão' (pois além da farda está o homem), perdeu sua vida defendendo o que? Pra quem? E os agentes do crime, fizeram o que fizeram em nome de que? Pra que? Vejam, nada disso seria pessoal, mas se torna com o discurso ideológico em torno do fato. Um discurso que tira o 'foco' do problema, que é sócio-cultural, tornando-o menor, particularizando-o, sendo que ele está além do ‘ato-fato' e das pessoalidades. E a ordem social, assim como o Estado que a legitima, saem ilesos dessa ‘farra’. Mas não morreu um símbolo, uma farda, nem um policial, pois haverá outro para substituí-lo. Morreu um homem, um pai, irmão ou amigo de alguém - esse, insubstituível. E não serão punidos os 'vulgarmente' chamados marginais, serão punidos os filhos, os frutos dessa mesma sociedade. Ambos saem perdendo, para a ‘saúde doente’ dessa ordem. Uma pergunta: Porque um policial 'precisa' trabalhar em horários de folga como 'segurança'? E a valorização do trabalhador? (isso não acontece só na área da dita 'segurança pública'). E o Estado, não deveria ser responsabilizado por isso? 


* Publicada em 29/06 no jornal Folha do Bairro.



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