“Para o reitor Odilon Poli a
universidade terá várias etapas ‘para se tornar a melhor universidade do Oeste
na frente na Educação 3.0” (subtítulo
de entrevista na p. 12 do jornal Folha do Bairro, edição de 26 de julho).
Como cronista e professor especializado em filosofia e sociologia
na educação, não posso deixar de questionar tal informação. Começando pelo
título da ‘novidade’: ‘Educação 3.0’ - uma nomenclatura de tom efêmero, mais
adequada a lógica do mercado ou do capital e não do conhecimento - conste que o
tema ‘educação’ não pode ser enquadrado nessa lógica (daqui um pouco estaremos
falando em ‘3.0 GLS turbo’), pois deve estar além do domínio e interesse mercadológico,
já que falamos em ‘universidade’, o que pressupõe, conhecimento ‘universal’, e
não restrito a esse ou aquele fim determinado. “Se tornar a ‘melhor’
universidade do Oeste”? (gostei da ‘humildade’ em reconhecer então, que não é
‘a melhor’ – mas pretende se tornar). Então o objetivo é esse: ‘concorrer’, ou
seja, ser parte (e já não é?) da jogatina reducionista desse ‘sistema’
competitivo e submisso ao capital (onde a educação é o mero ‘produto’, a
‘mercadoria’ em jogo)? Aprendi que universidade é bem mais que isso! – pelo
menos é assim que reza seu conceito e a publicidade em torno do ensino dito
‘superior’.
Também é dessa mesma entrevista, quando perguntado sobre a
‘necessidade de mudança’, que o reitor responde: “(...) é importante ter presente
que o nosso país vem fazendo um grande esforço para melhorar a educação,
condição essencial ao seu desenvolvimento. (...) a partir da década de 90 do
século XX, a sociedade brasileira (especialmente os empresários) passou a
exercer uma forte pressão sobre os governantes, exigindo melhorias na educação
(...). Essa pressão se deu em todos os níveis, uma vez que muitos egressos do
sistema de ensino, não conseguem atender adequadamente às expectativas do setor
produtivo.” (POLI, 2013). “Pressão”? “Especialmente os empresários”? Então quer
dizer que a tal ‘reestruturação’ da universidade está pautada ‘especialmente’
nisso: ‘pressão e visão empresarial’? “Expectativas do setor produtivo”?
Produção de quê? Técnicas, cabeças e corpos servis ao dito mercado? É isso? Se
não for, por favor, me desculpem, mas essa questão está muito mal esclarecida.
Pois bem, e o ‘custo’ dessa mudança? Dessa ‘modernização’? Por
enquanto, além de funcionários, em torno de 70 professores demitidos e sem
diálogo com a categoria ou seu sindicato (o que configura demissão em massa,
além de uma atitude truculenta, nada dialógica). Em nome de um ‘futuro’ incerto
e de uma reestruturação que pretende ser simplesmente ‘a melhor’, e que leva um
nome, no mínimo ‘questionável’: ‘Educação 3.0’. Nada está claro e nada é certo,
mas de uma coisa eu sei, Universidade não pode ser um espaço pautado em
interesses do dito mercado, da publicidade nem do empresariado - ou de um ‘desenvolvimento’
no mínimo suspeito, em pese que, o que está em jogo é a Educação, e esta, deve privilegiar
o conhecimento, respeitando o estudante e o professor, reais agentes e motivos
dessa ‘universalidade’.
*também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 15/08
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