A valorização de um país, passa
por sua cultura...
Estive assistindo um programa de televisão sobre brasileiros que
vivem em Copenhague, capital da Dinamarca, cidade que tem em torno de um milhão
e duzentos mil habitantes. A maioria dos brasileiros entrevistados naquele
programa não pretende voltar para o Brasil. Motivos? Alguns pontuais. Entre
eles, ‘educação e cultura’. Ou seja, um associado diretamente e inevitavelmente
ao outro. Dinamarca é um país pequeno (se comparado ao Brasil), o que, de fato,
favorece sua condição cultural e social. Porém, isso não nos serve de desculpa.
Relacionado a isso, teço uma ‘comparação’ entre aquela realidade e a nossa,
baseada na questão que não quer (nem deve) calar: ‘Como é tratada a cultura e a
educação no Brasil em relação à Dinamarca?’. Guardadas as proporções, lá,
cultura e educação são valores primordiais, mas não só no discurso ‘oficial’ ou
do Estado, mas na prática e nos valores cotidianos das pessoas. Cultura que
permite uma cidade ser espaço de convivência humana, em primeiro lugar, onde o
transporte público é de qualidade e, sendo assim, incentivado pelo Estado.
Cultura que permite imensas bibliotecas públicas, acessíveis a toda a
população. Cultura que permite a arte sendo prioridade do povo, assim como a
educação e os acessos a esses bens. Cultura pública. Lá, neste sentido, o
público submete o privado, e não o contrário como na maioria dos casos é por
aqui. ‘Culpa’ do Estado? Também! Mas, junto a isso, a concepção e os valores da
população. Em Copenhague a gasolina é cara, assim como o estacionamento para
veículos particulares. Em contrapartida, o transporte público (ônibus, metrô,
trem, etc.) é de qualidade e barato, assim como as bicicletas e as elegantes
charretes que são muito utilizadas por lá. Bibliotecas como reais espaços
culturais, de entretenimento, de estudo e diversão infantil, com tecnologias bem
empregadas. Patrimônio público e histórico-cultural, intocáveis,
supervalorizados. Isso tudo, forma e constitui a mentalidade, os valores, e
reflete na prática daquele povo, daquele lugar. Grupos e agentes culturais,
assim como professores, muito valorizados. Crianças devidamente assistidas e
adultos educados. Trânsito adaptado ao transeunte (e não o contrário), etc.
Enfim. Esses são alguns motivos que me levam a questionar: ‘No Brasil, o fator
cultural soma-se a má vontade política para a constituição de uma outra
realidade que valorize, antes de qualquer coisa, a vida?’...
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 01/08
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