Só é revolução se alterar valores, modificar a cultura. Digo isso
a partir de certas leituras, análises e debates. Não como uma conclusão, mas
como uma perspectiva. Caso contrário, falamos em ‘levante’ - a exemplo do EZLN
(Exército Zapatista de Libertação Nacional), movimento de resistência camponesa
e indígena do México, e do pensador e literato Hakim Bey. A revolução tornou-se
território, ou seja, um item do discurso pretensioso de polos de poder que, no
fundo, buscam a tomada desse poder institucional (diga-se de passagem). Muitos
desses ‘revolucionários’, no fim, não passam de burocratas administradores e
economicistas. Penso que, quando falarmos em revolução, devemos falar em uma
‘transformação sociocultural ou superestrutural, e não meramente econômica ou
infraestrutural’. No contexto a que se aplica, revolução, geralmente, é
sinônimo de substituição de poder. Na obra ‘A Revolução
Francesa’ do historiador Eric Hobsbawm, consta: “Há um mundo anterior e outro
posterior à Revolução Francesa”. Para Hobsbawm, uma revolução modifica as
relações, não só econômicas, mas sob tudo, culturais. Nisso, a única revolução
da história ocidental, talvez tenha sido a revolução burguesa, que modificou,
além da economia, o modo de vida, a educação, a cultura, onde seus valores e
modos prosseguem até hoje. Então, por enquanto, nos cai bem algumas
desconstruções cotidianas, rumo a um levante que gere possibilidades para algo
realmente novo, portanto, e aí sim, revolucionário.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 14/03...
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