sexta-feira, 14 de março de 2014

Levante!
















Só é revolução se alterar valores, modificar a cultura. Digo isso a partir de certas leituras, análises e debates. Não como uma conclusão, mas como uma perspectiva. Caso contrário, falamos em ‘levante’ - a exemplo do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), movimento de resistência camponesa e indígena do México, e do pensador e literato Hakim Bey. A revolução tornou-se território, ou seja, um item do discurso pretensioso de polos de poder que, no fundo, buscam a tomada desse poder institucional (diga-se de passagem). Muitos desses ‘revolucionários’, no fim, não passam de burocratas administradores e economicistas. Penso que, quando falarmos em revolução, devemos falar em uma ‘transformação sociocultural ou superestrutural, e não meramente econômica ou infraestrutural’. No contexto a que se aplica, revolução, geralmente, é sinônimo de substituição de poder. Na obra ‘A Revolução Francesa’ do historiador Eric Hobsbawm, consta: “Há um mundo anterior e outro posterior à Revolução Francesa”. Para Hobsbawm, uma revolução modifica as relações, não só econômicas, mas sob tudo, culturais. Nisso, a única revolução da história ocidental, talvez tenha sido a revolução burguesa, que modificou, além da economia, o modo de vida, a educação, a cultura, onde seus valores e modos prosseguem até hoje. Então, por enquanto, nos cai bem algumas desconstruções cotidianas, rumo a um levante que gere possibilidades para algo realmente novo, portanto, e aí sim, revolucionário. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 14/03...



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