sexta-feira, 7 de março de 2014

Leituras do Cotidiano, 07/03


Opinião, ideia, referência e palavra...

Como professor de humanas e sociais, linguagem e cronista um pouco conhecido, questionado, lido, ovacionado, repudiado, o que for, me surgem várias questões, semanalmente. Pessoas que me escrevem ou me encontram por aí, perguntam, opinam, sugerem, etc. Eis que algumas questões se repetem, e eis que, resolvo transformá-las numa ‘resposta’ geral, a modo de ‘esclarecer’ – ou confundir ainda mais!

‘De onde surgem suas opiniões?’

Quase nada do que digo ou escrevo são meras ‘opiniões’ minhas. Eu diria que, antes são ideias e impressões vindas dos lugares onde estive, das leituras, teorias, pensamentos, das referências que me alimentam. Certas visões e considerações a partir do que leio no mundo (conste que leitura aqui, vai além das páginas impressas dos livros). Então, não são simplesmente as ditas ‘opiniões próprias’. O filósofo grego Heráclito dizia: “Não escutem a mim e sim ao logos”. Posso até pensar por mim mesmo, mas não me arrisco a tanto, no sentido de afirmar como se eu soubesse disso ou daquilo, assim tão determinantemente. Sou cronista (além das minhas outras facetas e trabalhos), e é como tal que na maioria das vezes me manifesto ou me expresso, sob tudo nas redes sociais, tanto como nos textos dos jornais impressos ou na internet. Ter opinião é comum, até fácil eu diria. Porém, contundência ou certo fundamento na opinião, aí já é outro papo.

‘De onde tira tantas ideias, pensamentos, temas, assuntos?’

Do mundo. Das coisas. Dos livros, textos, amigos, pensadores. Da arte, do cinema, literatura, poesia, filosofia. Das ruas, do mato, das vivências e relações com o outro. Faço do meu cotidiano essa variedade, essa variação e campo de possibilidades. Digamos que eu consiga transitar mais ou menos bem em algumas áreas do conhecimento, o que facilita esse ‘dinamismo’ entre informação, ideia e palavra de que me utilizo quando me expresso, produzo ou escrevo algo.

‘De onde sai sua filosofia? Quais são os filósofos que usa?’

Não sei se é ‘a minha filosofia’. Talvez, apenas a filosofia de que me utilizo, pois penso que ela esteja, como a poesia, nas coisas. Neste sentido, ela sai da poesia e da literatura, mais do que da filosofia propriamente dita. Além de meia dúzia de filósofos, esses, os poetas, escritores, pensadores, criadores, me dão o que ler, perceber, ver, o que depois, transformo em palavra, texto, pensamento, além das coisas do mundo, é claro!

‘O que é um filósofo pra você?’

Um pensador autêntico, que tem postura autônoma diante das coisas. Aquele que, de certa forma, transcende. Não necessariamente quem lê ou estuda filosofia, a modo dos academicistas. Não que eu despreze ou negue a academia, a questão é outra. No caso, poetas, cancioneiros, contadores de história, esses geralmente, tem mais filosofia do que aquele que assina como tal, dentro de uma normativa ou autorização acadêmica, neste sentido.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...



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