Não gosto do mundo automático onde as trancas dos carros já não
são mais manuais. Em que, num botão da chave, como num controle remoto e num
gesto mágico, as portas se trancam ou se abrem. Onde não precisa mais se rodar
a maçaneta ou manivela para que o vidro do carro se abra. Basta apertar um
botão. Será que as crianças do agora sabem o que é uma maçaneta ou uma
manivela? Tenho minhas dúvidas. O mundo automático ao tempo que facilita a vida
do homem moderno, civilizado e todo aquele papo, o torna gordo, obeso, doente,
acomodado. Não se levanta mais a bunda do sofá pra trocar o maldito canal do
televisor. É, eu estou envelhecendo como um velho rabugento. Obrigado por
lembrar! Eu aceito essa condição como quem aceita ideias que não são suas e que
são empurradas goela abaixo pela ideologia política e publicitária do nosso
neutro e bem feitor jornalismo brasileiro. É claro que é sarcasmo seu imbecil!
Como imbecil menor, ainda me despenho em tecer uma que outra crítica, além do meu
regime comodista de engorda. No fim, penso que somos todos imbecis num jogo de
damas onde quem vence tem o direito de esnobar e sorrir, e quem perde, o
direito inviolável de aceitar a derrota de boca fechada. Mas eu sei que não é
bem assim. Somos homens fortes, firmes na nossa condição de reprodutores da
espécie. Até os que não funcionam direito ou que não funcionam mais, fazem
parte desse ciclo vicioso. E entre linchamentos, ‘justiceiros’ e outros bichos,
insistimos nos erros.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 07/03...
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