Eu prezo pelas crianças e bichos, velhos e jovens. Os adultos
estão no comando. Eles servem ao sistema assim como o sistema serve a eles. Os
demais são utilizados pelo sistema, mas não necessariamente são servidos por
ele. Por isso e por outras, não sou favorável à redução da maioridade penal.
Aliás, a ordem social precisa ter certa moral que vai dar em ações éticas para
poder também ter a ética da cobrança. Então, antes de tudo, nos devemos fazer
uma pergunta: ‘A sociedade da forma que é, da forma com que trata crianças e
jovens, tem moral suficiente para cobrar ou exigir algo destes?’. Há quem diga
que não se trata disso. Mas se trata do que então? Como é que você cobra algo
de outro alguém se você mesmo não cumpre com este algo, ou não tem este algo
afinado em si? Em outras palavras, como é que se exige moral sendo imoral ou
antiético? E a coerência? Sem coerência não há sentido ou fundamento. E eis que
parte significativa da sociedade está assim. Mas isso não é de hoje, historicamente
a sociedade se constituiu de forma piramidal, onde a concentração de poder
massacra o primeiro degrau (debaixo) da escada na pirâmide social. Nisso,
crianças e bichos, velhos e jovens, são os mais vulneráveis, as maiores vítimas
- ou seja, são mais vítimas do que criminosos (quando o são) nesta ‘lógica’...
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 23/05.
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