sexta-feira, 2 de maio de 2014

Leituras do Cotidiano, 02/05

Bananada: 'Somos todos macacos’... Só que uns mais macacos do que os outros...


Não sou fã assíduo, mas também como banana. Principalmente como mingau, esmagada em prato com garfo, com açúcar mascavo ou mel e canela. Para quem se exercita habitualmente de alguma forma, ajuda a evitar câimbras. Alguns também usam a banana para satisfazer desejos sexuais. Tem daqueles que usam como arte, e essa ‘causa eu apoio’, como é o caso da banana mais emblemática da história do mundo, aquela que foi capa do disco The Velvet Underground & Nico, assinada pelo artista pop-arte, Andy Warhol. Tem também quem use a banana para, através da ação simbólica, desconstruir uma cena, como bem foi feito pelo jogador brasileiro Daniel Alves que, ao ser comparado a um macaco, naquele jogo que todos viram pela televisão ou internet, juntou a banana jogada por algum ignóbil no gramado e comeu, depois continuou com sua função, chutando a bola pra frente. Já o ícone Neymar assumiu um discurso horrível que foi reproduzido por muitos outros, dizendo: ‘Somos todos macacos!’. De um ídolo da esquerda governista, o Emir Sader, que volta e meia come bananas com casca e tudo, ao marketing global do Luciano Huck e CIA e o ícone direitista e também comedor de bananas Reinaldo Azevedo, todos estes apoiam a causa. Do que uma banana é capaz, não é? O poder da banana que identifica opostos,  pela boa saúde do espetáculo nosso de cada dia, amém! Depois dessa sim, somos 'todos' macacos, num picadeiro, zoológico ou treinados num programa de auditório de domingo à tarde, sendo motivo de risos de quem paga para ver. Sistema dinâmico que come tudo. Come a banana e quem come a banana.


Somos todos macacos... Mas cada macaco no seu galho...

A campanha viral do ‘somos todos macacos’ juntou arautos da direita e da esquerda, num carnaval de alegorias, enquanto o racismo prossegue, firme e forte. Um colega e amigo sociólogo disse: "Há anos a luta é pela afirmação e reconhecimento da identidade negra e não por uma campanha despolitizada que utiliza justamente o insulto como elemento de 'identificação'. (...) E que todos sejamos contra o racismo afirmando positivamente a identidade negra e não um insulto." Penso se Darwin estivesse vivo, o que pensaria desse mote? Estão por fora! Se for para uma afirmação profunda e radical, que a campanha seja ‘Somos todos filhos do Carbono!’


'SOMOS TODOS HUMANOS' - apesar de alguns não parecerem (a exemplo dos racistas estúpidos)

Partindo de uma concepção e percepção que considere atos como símbolos, no uso da linguagem (visual/corporal/espacial), neste sentido Daniel Alves teve uma baita postura comendo a banana, como um 'ato simbólico' - desconstruindo a cena, já que humanos entre outros animais comem bananas. Mas isso ainda se torna mais deplorável se pensarmos que alguns humanos não têm a dignidade suficiente nem para serem comparados a esses incríveis animais da natureza, os macacos. 


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...




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