A Copa do Mundo de Futebol
no Brasil está sendo a oportunidade de mostrar para o mundo o país, da forma
que ele é, para além de qualquer idealismo, com suas maravilhas naturais e
culturais, sua ‘nova economia’ e forma de governabilidade, mas também, mostrar
suas mazelas sócio-históricas e suas contradições, para além do bem e do mal.
Acontece que as críticas à realização da Copa no Brasil
(em parte por insatisfações que não deixam de ter fundamento, principalmente
históricas), mas, em sua grande maioria, por oportunismos eleitoreiros, já que
este ano também é ano de eleição presidencial no país.
Atualmente
os investimentos pensados e feitos pelo Estado brasileiro, vão além das
chamadas ‘Arenas’, pois a realidade já é outra e não comporta baixos
investimentos nesta área, pois, quando falamos em investimentos nesse que é o
maior evento esportivo do planeta (junto as Olimpíadas), falamos também em
acessos e estrutura, como transportes, vias de trânsito, hotelaria, turismo,
comércio, segurança, comunicação, atendimentos, etc., além dos trabalhos
diretos e indiretos gerados com o evento.
Segundo
o Portal da Transparência, os investimentos diretos do governo federal na Copa
somam R$ 5,6 bilhões, ao passo que os financiamentos federais para estados e
municípios chegam a R$ 8,2 bilhões. Em contrapartida, por exemplo, de acordo
com o Ministério da Educação, em 2013, as 12 cidades sedes dos jogos do mundial
receberam R$ 49,4 bilhões em recursos federais para educação. No total, o
Ministério investiu, no ano passado, R$ 93,85 bilhões. Só para se ter uma
ideia, todo o custo com os estádios nessas cidades, de R$ 8,01 bilhões,
equivale a apenas 8,5% desse valor. Ou
seja, o dinheiro utilizado na realização da Copa não saiu nem da
educação nem da saúde.
Em um momento de avanços na
área educacional em que as inscrições para o ENEM bateram seu recorde e que se
dá a aprovação do PNE (Plano Nacional de Educação) para o próximo decênio, isso devido à intensa mobilização das
entidades nacionais e dos movimentos sociais em torno da educação, o
foco da nossa conjuntura pelos meios de comunicação de massa estão restritos a
Copa, sendo que, muito deles na intenção de encobrir esses avanços e fazer a
crítica eleitoreira contra o atual governo, tendo em vista as eleições de
outubro.
Forças que tramam pelo
desgaste do atual governo, a qualquer custo, acabam mostrando a pouca importância
que dão a esse fundamental elemento nacional, a educação, usando de uma relação
direta entre governo e seus investimentos, naquele discurso batido e irreal de
que ‘o governo federal investe dinheiro da educação nos estádios da Copa’. A
intenção desse discurso é ludibriar a parcela mais desavisada da população, quando
que, uma coisa não anula a outra, como bem mostram os números acima.
Sabemos que não
bastam apenas investimentos financeiros na educação, precisamos também de
investimentos intelectuais e de cunho estrutural, ou seja, que venham a criar
possibilidades ou oportunidades de acesso e direção para uma educação mais
ampla e diversa. O sucesso do ENEM, reforçado pelo atual recorde de inscrições,
e a aprovação do PNE, apontam também esses ‘investimentos’, dessas lutas pela
educação, comprovando a tese de que, a Copa e a Educação no Brasil, podem sim
andar juntas, sem uma anular a outra.
* também publicado no informativo do SINPROESTE (Sindicato dos Professores do Oeste de Santa Catarina - rede particular de ensino), junho/julho.
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