Já ouvi da
boca de um mestre: ‘Professor bom é aquele que nunca deixou de ser criança, e bom
adulto é aquele que nunca deixou de brincar’. Mas o mundo adulto anda mecânico,
formal, burocrata, careta, medíocre demais para reconhecer, admitir e praticar isso
- a brincadeira. Pior é ver crianças falando, pensando e se comportando como
esses ‘adultos secos’ de que vos falo, e muitos professores deixando que assim
seja. Criança não tem que saber de finanças, impostos, bolsas de valores. Ver a
decisão de uma criança que prefere o shopping ao parque ou ao circo, o celular
ao pular cordas, é a pior das tragédias infantis. É assim que se mata uma
criança. Ou seja, tornando-a um ‘adulto pretensamente sério’. Pior, um ‘adulto
que não é bom’, pois troca a brincadeira criativa e coletiva pelo consumismo e
a mesquinharia do mundo virtual e individualista. É preciso (urgente!) deixar
que a criança seja ela mesma. Como? Os adultos brincando mais e pestanejando
menos em torno dos seus trabalhos, do seu cotidiano, e intervindo menos na vida
das crianças. Adultos são referências para as crianças, então, que sejam
referências que brincam. Para um mundo de mais riso e alegria, as maiores
potências de uma vida plena.
"Amadurecer é reconquistar o sentido de seriedade que tínhamos quando crianças, ao brincar" (F.W. Nietzsche)
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 10/10.
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