sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Leituras do Cotidiano, 24/10


‘Anti-petismo’ e mediocridade

Com essas eleições, o ‘anti-petismo’ alcança um nível miserável de ser. O ‘anti-pestismo’ atua como uma religião ou seita fundamentalista, onde quem o segue, o prega ou reproduz massivamente e cegamente, sempre com o mesmo discurso: ‘o fim do PT na administração do país’. Grande parte dos eleitores, sem dúvida, votam em Aécio Neves, não por opção ou convicção, muito menos pelas suas propostas, mas por causa do ‘anti-petismo’ (votos maquiados em discurso de ‘mudança’). Mudança pra onde? Pra quem? Como? Eis as questões que não podem calar e que muitos nem sequer pensar, pois, no fanatismo do ‘anti-petismo’, questões desse tom soam como heresia. Em parte significativa dos discursos contra a presidenta Dilma, o que está em jogo é o ‘anti-petismo’ e não as questões pontuais e significativas do país. Discursos ‘elitistas’, medíocres, onde o que está em jogo não é a ideia de nação ou país, mas sim os interesses pessoais. Nestes discursos, pouco importa se o país teve avanços significativos, sob tudo nas áreas social e econômica. O barulho é tanto que, arrisco em dizer que se não fosse a existência ideológico-fundamentalista do ‘anti-petismo’, Dilma se reelegeria ainda no primeiro turno, e com certa facilidade. Mas, um ‘jornalismo’ oficial como o nosso, obediente à ideologia de mercado, reproduz e reforça tal discurso, criando dessa forma, esta ‘religião fundamentalista’ de que vos falo. Não é raro encontrar o discurso ‘anti-petista’ nas redes sociais, a grande maioria dele ignóbil e medíocre, diga-se de passagem, sem fundo sociológico ou contexto histórico, quem dirá reflexão filosófica. Ou seja, este discurso ideológico e reproduzido massivamente, é um discurso miserável, supérfluo, medíocre, pois traz em si a ‘baixeza’ do que se tende por razão, na sua agressividade, na sua falta de fundamento e racionalidade, estando carregado de mesquinharia e uma raiva típica de quem não estuda, e assim não cria condições suficientes para uma opinião fundamentada e coerente com os fatos, apenas reproduz um discurso ideológico e emotivo-motivado. E antes que alguém venha me apontar o dedo me acusando de ‘petista’, informo que não sou filiado ao PT e nenhuma outra sigla partidária (não que eu seja contra ou tenha algo contra isso - que fique bem claro - aliás, tenho também minhas críticas ao PT, mas são de outro ‘nível’ de profundidade). Este ‘ainda não é’ o país com que eu sonho (como tantos outros brasileiros também), porém, é o país onde nasci, me criei e vivo, eis o motivo das minhas manifestações sociopolíticas e culturais, seja como cronista, artista ou professor. E se me manifesto desta forma, é porque sinto e percebo a necessidade de fazê-lo. Não sou superior nem alheio a esta realidade. Vivo nela, sendo parte dela, por isso me posiciono e cultivo certas posturas. Não estudei e estudo para me fechar numa redoma idealista e distante. A vida é aqui e agora, e eu estou vivo, por isso me expresso, buscando sempre certa fundamentação pra isso, pois também somos constituídos das nossas referências e vivências, e disso, tenho plena consciência. Enfim. Que o fundamentalismo do ‘anti-petismo’ não ganhe este jogo, pois, ele não é uma ‘consciência sociopolítica’ saudável, apenas uma ‘manifestação afetada’ neste jogo, no qual, alguns de nós somos dinâmicos coringas no baralho, enquanto outros, apenas cartas marcadas – e você, o que é neste jogo?!
















* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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