‘Anti-petismo’ e mediocridade
Com essas eleições, o ‘anti-petismo’ alcança um nível miserável de
ser. O ‘anti-pestismo’ atua como uma religião ou seita fundamentalista, onde
quem o segue, o prega ou reproduz massivamente e cegamente, sempre com o mesmo discurso:
‘o fim do PT na administração do país’. Grande parte dos eleitores, sem dúvida,
votam em Aécio Neves, não por opção ou convicção, muito menos pelas suas
propostas, mas por causa do ‘anti-petismo’ (votos maquiados em discurso de
‘mudança’). Mudança pra onde? Pra quem? Como? Eis as questões que não podem
calar e que muitos nem sequer pensar, pois, no fanatismo do ‘anti-petismo’,
questões desse tom soam como heresia. Em parte significativa dos discursos
contra a presidenta Dilma, o que está em jogo é o ‘anti-petismo’ e não as
questões pontuais e significativas do país. Discursos ‘elitistas’, medíocres, onde
o que está em jogo não é a ideia de nação ou país, mas sim os interesses
pessoais. Nestes discursos, pouco importa se o país teve avanços significativos,
sob tudo nas áreas social e econômica. O barulho é tanto que, arrisco em dizer
que se não fosse a existência ideológico-fundamentalista do ‘anti-petismo’,
Dilma se reelegeria ainda no primeiro turno, e com certa facilidade. Mas, um ‘jornalismo’
oficial como o nosso, obediente à ideologia de mercado, reproduz e reforça tal
discurso, criando dessa forma, esta ‘religião fundamentalista’ de que vos falo.
Não é raro encontrar o discurso ‘anti-petista’ nas redes sociais, a grande
maioria dele ignóbil e medíocre, diga-se de passagem, sem fundo sociológico ou
contexto histórico, quem dirá reflexão filosófica. Ou seja, este discurso
ideológico e reproduzido massivamente, é um discurso miserável, supérfluo,
medíocre, pois traz em si a ‘baixeza’ do que se tende por razão, na sua
agressividade, na sua falta de fundamento e racionalidade, estando carregado de
mesquinharia e uma raiva típica de quem não estuda, e assim não cria condições
suficientes para uma opinião fundamentada e coerente com os fatos, apenas
reproduz um discurso ideológico e emotivo-motivado. E antes que alguém venha me
apontar o dedo me acusando de ‘petista’, informo que não sou filiado ao PT e
nenhuma outra sigla partidária (não que eu seja contra ou tenha algo contra
isso - que fique bem claro - aliás, tenho também minhas críticas ao PT, mas são
de outro ‘nível’ de profundidade). Este ‘ainda não é’ o país com que eu sonho
(como tantos outros brasileiros também), porém, é o país onde nasci, me criei e
vivo, eis o motivo das minhas manifestações sociopolíticas e culturais, seja
como cronista, artista ou professor. E se me manifesto desta forma, é porque
sinto e percebo a necessidade de fazê-lo. Não sou superior nem alheio a esta
realidade. Vivo nela, sendo parte dela, por isso me posiciono e cultivo certas
posturas. Não estudei e estudo para me fechar numa redoma idealista e distante.
A vida é aqui e agora, e eu estou vivo, por isso me expresso, buscando sempre
certa fundamentação pra isso, pois também somos constituídos das nossas
referências e vivências, e disso, tenho plena consciência. Enfim. Que o
fundamentalismo do ‘anti-petismo’ não ganhe este jogo, pois, ele não é uma
‘consciência sociopolítica’ saudável, apenas uma ‘manifestação afetada’ neste
jogo, no qual, alguns de nós somos dinâmicos coringas no baralho, enquanto
outros, apenas cartas marcadas – e você, o que é neste jogo?!
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.
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