Miséria nossa de cada dia
Eita miséria! Ver/ouvir ‘celebridades’ com pouco cérebro
discutindo gênero, direitos, isso ou aquilo em programeta de televisão daqueles
que só vendem seu próprio peixe. Acho que sabem do que ou de quem falo, não sabem?
Mas deixa pra lá, disso o mundo dos excessos está cheio e é fácil saber.
Espetáculo familiar de sábado à noite e/ou domingo à tarde. Nos dias da semana,
a novela forma mais do que qualquer universidade, ensina mais do que qualquer
escola. E assim anda nossa cultura pop, como nossa educação, nossa mentalidade
e as razões forjadas por tudo isso. Lixo industrial produzido e propagado a
granel e consumido em massa para o bem estar do espetáculo nosso de cada dia.
Circo para o povo! E nossa miséria cultural/intelectual só aumenta. Ainda bem
que temos alternativas e possibilidades. O brasilzão é grande! Salve nordeste!
Salve eu e salve você que vê e transita para além do espetáculo. Um dia, quem
sabe, estaremos sãos e salvos. Mas, por enquanto, Bolsonaros e afins, persistem
em seus estupros discursivos e políticos. E alguém é cúmplice. Foi eleito, não
foi?! Por voto secreto e democrático, não foi? Agora aguenta o filho da puta!
(perdoem-me putas, vocês não merecem tal comparação, mas entendam este
incurável escriba, como sendo isso, o que foi escrito aqui, uma ‘figura de
linguagem’. Sei que despindo vocês desta roupa social e ultrajante, são bem
mais do que um título comum e vulgarizado pelas bocas infames deste mundo).
Falando nisso, a mãe do dito cujo já deve ter se matado pelo filho que tem.
Pobre senhora! Tenho pena dela. Mas enfim. Também somos parte desta festa. Não
a organizamos, eu sei, e nem todos são nossos convidados, mas, estamos nela,
gostemos ou não. Portanto, vamos curtir e fazer valer nossa estada, marcando o
contraponto a contragosto daqueles que só sabem sugar. Eles um dia, também
cairão, e o tombo não será pequeno. Podem esperar!
*
Cai a noite. O poeta sai de sua casa com os olhos ardendo
em brasa. Ficou a tarde toda aventurando um poema. O poema não saiu. O poeta
irritou-se e foi para o bar. Chegando lá encontrou o poema, rindo-se,
embriagado como uma puta decadente. O poeta irritou-se pela segunda vez.
- Hei! Me vê
uma cerveja!
Bebeu uma,
duas, três... Seis cervejas.
Bêbado,
agarrou o poema e sem piedade, o estrangulou.
- Morre
desgraçado!
O poeta a
passos lentos foi para casa.
Ligou a
tevê, abriu uma cerveja, deitou no sofá...
Sentiu-se
bem.
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.
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