sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Leituras do Cotidiano, 12/12


Miséria nossa de cada dia

Eita miséria! Ver/ouvir ‘celebridades’ com pouco cérebro discutindo gênero, direitos, isso ou aquilo em programeta de televisão daqueles que só vendem seu próprio peixe. Acho que sabem do que ou de quem falo, não sabem? Mas deixa pra lá, disso o mundo dos excessos está cheio e é fácil saber. Espetáculo familiar de sábado à noite e/ou domingo à tarde. Nos dias da semana, a novela forma mais do que qualquer universidade, ensina mais do que qualquer escola. E assim anda nossa cultura pop, como nossa educação, nossa mentalidade e as razões forjadas por tudo isso. Lixo industrial produzido e propagado a granel e consumido em massa para o bem estar do espetáculo nosso de cada dia. Circo para o povo! E nossa miséria cultural/intelectual só aumenta. Ainda bem que temos alternativas e possibilidades. O brasilzão é grande! Salve nordeste! Salve eu e salve você que vê e transita para além do espetáculo. Um dia, quem sabe, estaremos sãos e salvos. Mas, por enquanto, Bolsonaros e afins, persistem em seus estupros discursivos e políticos. E alguém é cúmplice. Foi eleito, não foi?! Por voto secreto e democrático, não foi? Agora aguenta o filho da puta! (perdoem-me putas, vocês não merecem tal comparação, mas entendam este incurável escriba, como sendo isso, o que foi escrito aqui, uma ‘figura de linguagem’. Sei que despindo vocês desta roupa social e ultrajante, são bem mais do que um título comum e vulgarizado pelas bocas infames deste mundo). Falando nisso, a mãe do dito cujo já deve ter se matado pelo filho que tem. Pobre senhora! Tenho pena dela. Mas enfim. Também somos parte desta festa. Não a organizamos, eu sei, e nem todos são nossos convidados, mas, estamos nela, gostemos ou não. Portanto, vamos curtir e fazer valer nossa estada, marcando o contraponto a contragosto daqueles que só sabem sugar. Eles um dia, também cairão, e o tombo não será pequeno. Podem esperar!

 *

Cai a noite. O poeta sai de sua casa com os olhos ardendo em brasa. Ficou a tarde toda aventurando um poema. O poema não saiu. O poeta irritou-se e foi para o bar. Chegando lá encontrou o poema, rindo-se, embriagado como uma puta decadente. O poeta irritou-se pela segunda vez.
- Hei! Me vê uma cerveja!
Bebeu uma, duas, três... Seis cervejas.
Bêbado, agarrou o poema e sem piedade, o estrangulou.
- Morre desgraçado!
O poeta a passos lentos foi para casa.
Ligou a tevê, abriu uma cerveja, deitou no sofá...
Sentiu-se bem.



* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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