terça-feira, 10 de março de 2015

Leituras do Cotidiano, 06/03

A farra do boi

Ele corre alvorotado e muge em coro pelas ruas da cidade. Mal sabe que depois da farra vai voltar para seu pasto, sua ração, preso no cercado, ou em casos mais extremos, direto para o matadouro. Seu motivador é aquele mesmo que o alimenta com os restos da sua riqueza acumulada. Ele se junta a outros da sua espécie para reproduzir mugidos e atos irracionais, sempre ferrado a brasa e direcionado pelos latifundiários que estão por trás da sua cultura bovina. Gado marcado que não sabe o que faz. Ele grita, esperneia, usa força e bestialidade para tentar derrubar as porteiras, cercas e aramados que o circundam, mas que ele mesmo não vê. Ele acha que é inteligente e rebelde, mas não passa de mais uma cabeça numérica pertencente a um plantel, a uma boiada ou manada que só age sob a orientação do seu dono, patrão, fazendeiro ou pastor. Ele grita contra aquilo que não conhece, não aceita o diferente. Ele trabalha como um condenado e é mal tratado, torturado, surrado, explorado, usurpado, e no fim, agradece ao patrão-fazendeiro quando ganha seu pasto ou sua ração. Ele vive a remoer. Ele tem pouca visão e memória curta. Corre bastante e não chega a lugar algum. Ele vive a reproduzir e não sabe da força que tem. Alguns dirão: ‘Ainda bem!’

Obs.: Qualquer semelhança com algumas realidades humanas, não é mera coincidência.
·         Dedicado aos estúpidos que reproduzem sem pensar.

Perguntas de um cidadão que lê:

1. As ditas ‘entidades de classe’, ou ‘empresariais’ como a FIESC, ACIC e CDL, empresas de transporte (público), algumas Igrejas, alguns muitos políticos e partidos, grandes empresas e latifundiários, são favoráveis a ‘taxação das grandes fortunas’ como foram favoráveis aos ‘bloqueios dos caminhoneiros’?

2.  Na maior audiência pública de Chapecó para debater a necessidade de ampliar os horários de atendimento das creches para beneficiar, principalmente, os trabalhadores das agroindústrias e do comércio, essas ditas ‘entidades de classe’ liberaram seus funcionários para participarem? Manifestaram-se apoiando a iniciativa?

3. Chamam nordestino de vagabundo, defendem intervenção militar, invadem residência, hostilizam as diferenças, incitam o ódio e a violência, pedem Impeachment sem argumentos, mas não sabem nada de política nem de democracia. Que mudança é esta a que reclamam?


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.





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