Pela televisão as reclamações, as críticas, os discursos de
empresários de família com histórico de corrupção, degradação ambiental e
exploração do trabalho. Briga entre motoristas nas filas de postos de gasolina
pelo combustível. 'Pessoas de bem' que abastecem e dão no pé sem pagar,
aproveitando o tumulto. Postos de gasolina e comércio que aumentam seus preços tirando
proveito da situação. Políticos e seus partidos responsáveis por parte desta 'calamidade' que discursam moralistas e hipócritas.
Mídia obesa, medíocre e espetaculosa que se favorece ideologicamente e
comercialmente da situação. Parte dos reclamantes tem carro como status - e ambos reclamam do
governo, da corrupção, etc. 'Está um Caos, dizem eles'. Mas não, isso não é Caos.
Mas, cadê a ciclovia? As bicicletas circulando? Cadê o trem? Cadê o espaço
descente para pedestres? Cadê o transporte público eficiente, de qualidade? Cadê
as formas 'alternativas' de combustível, energia e transporte? Um colapso,
talvez, transforme esta contradição. Enquanto isso, o Estado é usurpado, como
se tudo fosse imediato, atual, recente. Como se a cultura não tivesse nada a
ver com isso tudo. Mais que economia, vivemos numa cultura, num modo de vida,
com costumes, práticas e pensamentos. E para que algo realmente mude, não basta
falar, discursar, reclamar, é preciso ser.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, em 27/02.
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