Brasil, uma mesa de jogos
Antes mesmo das eleições, eu havia publicado
textos sobre a ‘arquitetura’ em torno do Estado brasileiro, do governo, pensada
pelo poder ‘oculto’ de grandes empresários, industriais e latifundiários, com a
colaboração de políticos ligados aos seus interesses ‘privados’ e líderes religiosos
(também com seus interesses ‘privados’ a respeito). Num primeiro momento
tentaram (e quase conseguiram) por meio das eleições, ganhar o poder (governo).
Depois publiquei outros textos falando do campo minado que, os mesmos grupos de
poder, tornavam o Estado brasileiro (enquanto instituição administrativa e
político-ideológica). Primeiro foi a tentativa de destruir os projetos sociais
(bolsas, cotas, acessos a educação, etc.). Agora, depois do campo já minado, é
hora de explodi-lo (ou implodi-lo internamente). E eis o que está acontecendo
no país. Com o apoio da grande e oficial mídia, parte do setor privado (os que
concentram renda, terra e poder), através dos vieses publicitário-midiáticos,
ideológicos e políticos oficiais/institucionais (leia-se congresso nacional),
fazem desta realidade um jogo na intenção de manterem e até ampliarem seus
‘privilégios’ que são ‘históricos’, herança de um passado horrendo que permitiu
toda a concentração de poder e riqueza para poucos e a exploração existencial,
humana, econômica, social, de muitos (para quem estuda ou compreende de
história e sociedade, isso é claro). E hoje, agora, estamos aí, vendo e ouvindo
muita coisa vinda de excessos, exageros, reproduções e discursos ideológicos,
tudo feito para a confusão de um país que, creio, nunca teve um ‘espírito de
nação’ e, quando começou a ter, eis os acontecimentos atuais. Eles, os
‘semi-deuses’, reais ‘donos do poder’ deitam e rolam, cagam, defecam mas
escondem suas ‘produções’ sádicas (perdoe-me Marquês literário, pela relação).
E por parte do governo atual, falta culhão, posição, postura! Se empenhou em ‘melhorar’ a economia, facilitar
acessos (o que dentro do capitalismo democrático, talvez seja o melhor a se
fazer), ‘democratizou o capital’ mas não deu conta do fator ‘cultural’. Riqueza
melhor distribuída sem politização, bons conteúdos, valores artísticos e
filosóficos, acaba alimentando ainda mais um sistema ou modo de vida
entorpecido por pessoalidades e mediocridades. E agora explodem manifestações
que não pedem pelas urgentes e necessárias reformas que o país precisa (reforma
política, judiciária, midiática, educacional, tributação sobre riquezas
estacionárias, etc.), mas pedem o mesmo de sempre: ‘fagulhas dos fragmentos’,
ou seja, ‘pessoalidades’ dadas por interesses privados e status social. Eis o
efeito de toda uma ‘história’ pobre em conteúdo e rica em banalidades. E
‘Eles’, os ‘donos do jogo’, jogam com suas cartas marcadas, pois o ‘jogo’ é
deles. E agora, o que será? Sem ser pessimista, mas, se aprende a jogar como um
bom jogador que consegue reverter o jogo, se desiste dele de uma vez ou se vira
a mesa? Façam suas apostas senhores!
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, em 27/02.
Nenhum comentário:
Postar um comentário