Mulher, menina que cresceu, mas que
continua sendo menina. Um dia quis ter uma filha - e às vezes, ainda quero. ‘Que
ela tenha os seus olhos e os nossos carinhos!’ Uma menina. Uma mulher. Sendo
homem amo as mulheres como amo as meninas. Mas se fosse mulher, seria o mesmo,
amaria igual. Um caso de sentir. E é sentindo assim que, de repente, lembro-me
de algo que escrevi um dia. Algo que num trecho dizia:
“Tenho características de um homem bom. Só
características, pois sou mau como todos os outros homens na minha idade. Mas
logo, logo, sei que já estarei ficando bom de novo – ou pela primeira vez na
vida - como as meninas da minha rua, tão pequenas e tão felizes! Daqui a pouco
estarei mais velho. Nunca voltarei a ser este homem mau de meia idade, adulto,
duro e metódico. As mulheres são mais sensíveis. Nem todas, eu sei, mas grande
parte delas. Nós, homens, não temos este privilégio. As meninas cantam e
dançam, enquanto os meninos gritam e correm. A natureza quis assim. Deus quis
assim. E os dois, nos enganaram direitinho”.
·
Dedicado a todas as
mulheres-meninas da minha vida.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 06/04.
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