sexta-feira, 15 de maio de 2015

Leituras do Cotidiano

O paraíso pseudo-requintado da ‘elite’ brasileira I

Sim, a corrupção existe. Sim, existe atualmente. Porém, não é novidade alguma. Ela já existe nas instituições públicas e políticas faz tempo, assim como também existe no setor privado e na vida privada. Ou seja, é parte de uma cultura, de uma educação e ‘jeitinho’ de se fazer. Porém, devemos, de fato, separar e perceber os diferentes espaços onde a corrupção atua - como também devemos perceber que como nunca na nossa história ela está sendo discutida amplamente e combatida por órgãos oficiais do Estado brasileiro. Mas, além disso, existem outras questões importantes a serem ditas, pensadas, apontadas, questões que, geralmente a grande mídia não faz questão de publicar, divulgar, mostrar. E ela tem seus motivos, acreditem! Ela é parte desta corrupção histórica e cultural. Em outra direção, como historiador por graduação, filósofo e sociólogo por especialização (ou metido a isso – entre ‘otras cositas mas’), posso dizer que, poucas vezes na história do Brasil, um 'projeto de governo' inclui o povo (leis, projetos sociais e culturais) em seu menu. Retomando, de um modo geral: primeiro com Getúlio Vargas e suas leis trabalhistas, depois com João Goulart, o Jango, e suas reformas que não vingaram, pois sofreu o golpe militar (de 'direita', diga-se de passagem, e  sob a sombra dos EUA - leia-se contexto da 'Guerra Fria') e por fim, a partir do primeiro mandato do Lula na presidência com sequência da atual presidenta, Dilma, até que o PMDB e a 'oposição raivosa', junto aos 'conservadores', com o respaldo da grande mídia (e do Congresso Nacional), tomaram a frente na administração e política 'destrutiva' do Brasil, pondo em risco, irresponsavelmente, todo um projeto de país no pretexto ou ambição de destruir uma sigla, o PT. O problema de certa 'elite' brasileira é não admitir a 'democratização' dos acessos, serviços e espaços no país. Pobre no shopping, no aeroporto, nas universidades. As bolsas, cotas, programas de acesso educacionais e demais projetos sociais, causam calafrio numa cultura nada sensível que sempre foi acostumada ao privilégio e ao exclusivismo. Eis o que muitos não conseguem perceber ou ver, outros, simplesmente não querem, pois suas ideologias e manias de 'superioridade' não deixam. O paraíso da elite brasileira é ela, com suas pompas, seus egos, seus vícios e pseudo-requintes. Uma elite brega e estúpida, além de conservadora e truculenta, que quer estar em evidência em tudo, só ela, com exclusividade. Ocupando espaços que julga ser só seu, se privilegiando dos impostos que todos pagam, além da corrupção que ela mesma mantém e reproduz quando faz acordos bafios com seus nomes na política e nos negócios. Nem vou falar da exploração acima do suor alheio, não precisa, é básico, não é? Enfim. O desmantelamento do país pelos dentes deste vampiro que muitos chamam de ‘elite’, que ‘organizada’ (e não), pensa uma nação, um mundo, como se pensava ainda no período da escravidão do Brasil colônia, fazendo o sinal da cruz sob rezas em altares já desprovidos de significado, tudo para manter sua aparência e pompa de nobreza medieval, de tão contemporânea que não é...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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