O paraíso pseudo-requintado
da ‘elite’ brasileira I
Sim, a corrupção existe. Sim, existe
atualmente. Porém, não é novidade alguma. Ela já existe nas instituições
públicas e políticas faz tempo, assim como também existe no setor privado e na
vida privada. Ou seja, é parte de uma cultura, de uma educação e ‘jeitinho’ de
se fazer. Porém, devemos, de fato, separar e perceber os diferentes espaços
onde a corrupção atua - como também devemos perceber que como nunca na nossa
história ela está sendo discutida amplamente e combatida por órgãos oficiais do
Estado brasileiro. Mas, além disso, existem outras questões importantes a serem
ditas, pensadas, apontadas, questões que, geralmente a grande mídia não faz
questão de publicar, divulgar, mostrar. E ela tem seus motivos, acreditem! Ela
é parte desta corrupção histórica e cultural. Em outra direção, como
historiador por graduação, filósofo e sociólogo por especialização (ou metido a
isso – entre ‘otras cositas mas’), posso dizer que, poucas vezes na história do
Brasil, um 'projeto de governo' inclui o povo (leis, projetos sociais e
culturais) em seu menu. Retomando, de um modo geral: primeiro com Getúlio Vargas
e suas leis trabalhistas, depois com João Goulart, o Jango, e suas reformas que
não vingaram, pois sofreu o golpe militar (de 'direita', diga-se de passagem, e
sob a sombra dos EUA - leia-se contexto
da 'Guerra Fria') e por fim, a partir do primeiro mandato do Lula na
presidência com sequência da atual presidenta, Dilma, até que o PMDB e a
'oposição raivosa', junto aos 'conservadores', com o respaldo da grande mídia
(e do Congresso Nacional), tomaram a frente na administração e política
'destrutiva' do Brasil, pondo em risco, irresponsavelmente, todo um projeto de
país no pretexto ou ambição de destruir uma sigla, o PT. O problema de certa
'elite' brasileira é não admitir a 'democratização' dos acessos, serviços e
espaços no país. Pobre no shopping, no aeroporto, nas universidades. As bolsas,
cotas, programas de acesso educacionais e demais projetos sociais, causam
calafrio numa cultura nada sensível que sempre foi acostumada ao privilégio e
ao exclusivismo. Eis o que muitos não conseguem perceber ou ver, outros,
simplesmente não querem, pois suas ideologias e manias de 'superioridade' não
deixam. O paraíso da elite brasileira é ela, com suas pompas, seus egos, seus
vícios e pseudo-requintes. Uma elite brega e estúpida, além de conservadora e
truculenta, que quer estar em evidência em tudo, só ela, com exclusividade.
Ocupando espaços que julga ser só seu, se privilegiando dos impostos que todos
pagam, além da corrupção que ela mesma mantém e reproduz quando faz acordos
bafios com seus nomes na política e nos negócios. Nem vou falar da exploração
acima do suor alheio, não precisa, é básico, não é? Enfim. O desmantelamento do
país pelos dentes deste vampiro que muitos chamam de ‘elite’, que ‘organizada’
(e não), pensa uma nação, um mundo, como se pensava ainda no período da
escravidão do Brasil colônia, fazendo o sinal da cruz sob rezas em altares já
desprovidos de significado, tudo para manter sua aparência e pompa de nobreza
medieval, de tão contemporânea que não é...
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.
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