A natureza não
depende da ordem sociocultural. Na natureza não há mecânica, apenas Caos. Não
aquele caos distorcido e tratado como tragédia ou violência por algumas
ideologias. O Caos é o motor da vida que se organiza para poder voltar ao Caos
inicial e continuar gerando, num movimento espiral e infinito. Entre vida e morte,
Caos e ordem. Equilíbrio: a busca, em movimento. A natureza em movimento mantém
a chama da vida acesa. Na cultura, fenômeno humano, a moral submete muitas
coisas, inclusive as palavras. Mas não na poesia, na literatura ou na arte.
Pelo menos não deveria. Alguns tentam. As convenções, os valores, a moral, também
atentam, tentando submeter à natureza. E quando isso acontece, tudo vira
caricatura, reprodução, problema, crime, pecado, angústia, dor, vaidade,
egoísmo, mediocridade. É quando a humanidade passa de uma condição para uma
virtude. Virtude pra poucos – ‘só para raros’ (como anotou Hesse em seu ‘Lobo
da Estepe’). Impomos culturalmente coisas sobre a natureza. E estamos
comprometidos até o pescoço com isso. Algumas morais, alguns valores, preveem um
paraíso (idealizado) que distorce a natureza tornando-a má, assim como fazem
com o Caos, sendo que, o que existe é o movimento e não o fim ou a estagnação.
A vida não é totalitária. A vida é uma experiência. Talvez um meio, sem começo
nem fim...
* também publicado no jornal Folha do Bairro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário