quinta-feira, 28 de maio de 2015

Natureza e Caos

A natureza não depende da ordem sociocultural. Na natureza não há mecânica, apenas Caos. Não aquele caos distorcido e tratado como tragédia ou violência por algumas ideologias. O Caos é o motor da vida que se organiza para poder voltar ao Caos inicial e continuar gerando, num movimento espiral e infinito. Entre vida e morte, Caos e ordem. Equilíbrio: a busca, em movimento. A natureza em movimento mantém a chama da vida acesa. Na cultura, fenômeno humano, a moral submete muitas coisas, inclusive as palavras. Mas não na poesia, na literatura ou na arte. Pelo menos não deveria. Alguns tentam. As convenções, os valores, a moral, também atentam, tentando submeter à natureza. E quando isso acontece, tudo vira caricatura, reprodução, problema, crime, pecado, angústia, dor, vaidade, egoísmo, mediocridade. É quando a humanidade passa de uma condição para uma virtude. Virtude pra poucos – ‘só para raros’ (como anotou Hesse em seu ‘Lobo da Estepe’). Impomos culturalmente coisas sobre a natureza. E estamos comprometidos até o pescoço com isso. Algumas morais, alguns valores, preveem um paraíso (idealizado) que distorce a natureza tornando-a má, assim como fazem com o Caos, sendo que, o que existe é o movimento e não o fim ou a estagnação. A vida não é totalitária. A vida é uma experiência. Talvez um meio, sem começo nem fim...


* também publicado no jornal Folha do Bairro.




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