quinta-feira, 5 de maio de 2011

Relações de trabalho

De relance uma notícia me veio aos ouvidos. Era assim: ‘Santa Catarina lidera no trabalho escravo’. Fiquei de cara. ‘Lidera no trabalho escravo?’. Como assim? Não é o Estado de economia mais estável e o estado de melhor distribuição de renda? No primeiro de Maio foi comemorado o dia do trabalho (ou do trabalhador?), uma festa incluindo as duas ‘classes’ relacionadas nesse jogo: empregado e empregador, operário e patrão, ambos ‘trabalhadores’. O setor privado exercendo seu comando sobre a força de trabalho que é humana, diga-se de passagem, (e antes que eu também esqueça disso). Atualmente, até partidos políticos ditos de esquerda, associações e sindicatos que dizem apoiar e defender os trabalhadores neste processo sócio-histórico-econômico praticam a ‘pacificação’ e a manutenção do empreguismo, ou seja, mediam o conflito entre as ditas ‘classes’, o que o velho Marx, acreditava que seriam superados na organização institucionalizada do próprio trabalhador (seja ela em sindicatos ou no ‘partidão’). Por outro lado, o setor privado também negocia, através de seus sindicatos, aí é representante dialogando com representante sobre as condições do trabalhador dentro desse ‘contexto produtivo’. E o discurso ideológico acima disso vem de ambos os lados. Se por um lado o trabalhador não se empenha o suficiente na especialização do seu ofício como julga o setor privado, por outro, o empresariado exige o ‘irreal’, ou seja, a profissionalização daquele que sustenta o negócio. Irreal porque a realidade não é assim. O trabalhador, por mais profissional ou especializado que seja, nunca vai ganhar o suficiente para justiçar seu empenho. Anos e anos estudando, dando o melhor de si, produzindo, desenvolvendo possibilidades e técnicas, e o ganho no final do mês não equivale ao esforço despenhado, ao consumo do tempo de vida daquele que suou para acrescer seu saber-fazer. Parte do setor privado não trata o profissional como deveria. Nisso, palestras de auto-ajuda e motivação, assim como a venda exorbitante de livros desse tipo, só servem para ‘alienar’ a realidade. Um prêmio aqui, uma festinha ali. É a ‘alienação do trabalho’ de Marx. Todo esse aparato de ‘melhorias’ do trabalho é focado na produção e não nas condições e relações humanas no trabalho. Historicamente o trabalhador é explorado e alienado por estratégias do dito ‘mercado de trabalho’. Eu radical? Capaz! Falando nisso... E a redução da carga horária?


Um comentário:

Carlos A. S. disse...

Paulada!