quarta-feira, 25 de maio de 2011

Politicamente incorreto...


“(...) eu acho que entendo Hitler (...). Sou totalmente a favor dos judeus. Bem, não totalmente, porque Israel é um pé no saco…”. Calma, calma, essas não são minhas palavras (se bem que também acho Israel um pé no saco - dos Palestinos). Entre outros, foram esses ‘dizeres’ que deixaram o cineasta dinamarquês Lars Von Trier em maus lençóis no último festival de cinema de Cannes. Von Trier, diretor de magníficos e polêmicos filmes como ‘Dançando no escuro’ (com a genial Björk, premiada pela sua atuação), ‘Dogville’ e ‘Anticristo’, também é um homem provocador, assim como suas obras. E foi isso que ele fez ao, numa entrevista, ironizar a temática do nazismo. ‘- É, mas isso não é coisa que se brinque!’, podem dizer os mais preocupados. Acontece que hoje, existe um sensacionalismo do politicamente correto na comunicação. Seja no jornalismo como na arte, e isso inclui também o cinema (o que dizer então das telenovelas e telejornalismo?). Von Trier, como um grande cineasta, um mestre do cinema contemporâneo, um artista no sentido amplo da palavra, não se comporta como a indústria do entretenimento gostaria que fosse. Acabou o sátiro, sendo muito questionado e criticado duramente pelos meios e alguns jornalistas que não tem um mínimo senso de ironia (nem bom senso pra saber distinguir uma piada ácida da realidade propriamente dita). Agora é punido por suas palavras ‘malditas’ (ou mau ditas?). No jornal da globo o cineasta foi chamado de ‘língua solta’. Já noutros meios, a crítica caiu sobre sua imagem, tendo destaque a sua mão, onde está tatuado um ‘FUCK’. Um ‘Fuck’ tatuado nos dedos diz muito sobre uma pessoa não é? Inclusive, se ela é ou não nazista, claro! (isso é ironia – antes que alguém ache que estou falando sério). Tentativas de depreciar a obra através do artista. Assim caminha o sensacionalismo da imprensa (de certa imprensa). Como cronista, um pouco sarcástico, um pouco irônico, posso estar equivocado, mas saio na defesa de Von Trier pela sua obra, e não só porque gosto dela, mas porque o ‘politicamente correto’ é uma forma de adestrar as possibilidades de desconstrução de determinados moralismos. Contudo, agora quero ver ainda mais ‘Melancholia’, o novo filme do diretor ‘persona non grata’. Bem, ‘eu acho que entendo Von Trier.’


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