sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A feira e os furos-futuros...



















Começa mais uma vez - ou uma vez mais, a feira. E por alguns momentos esqueceremos-nos das mazelas sociais e políticas da nossa cidade. Quantos homicídios mal suicidados, esfaqueamentos a luz do dia, câmeras que monitoram pessoas (e não necessariamente criminosos) desligadas, incompetência legislativa e investigativa, cassações – um é o dia da caça, outro, do caçador – ainda teremos para que a consciência grite mais alto do que o medo ou a comodidade? Mas isso agora não importa, pois temos a feira, e nela, grandes negócios, não pro nosso bico, mas parece que isso já nos basta. Temos também grandes nomes da... da... música? Ah, deixa pra lá! Grandes nomes da televisão e das obesas rádios jabazentas. Ah, agora sim! Temos atrações locais também, que não constam nos panfletos publicitários, mas estão vivas (ainda!), dando um ‘Q’ de arte e alternativa ou opção ao caráter comercial evento. Para além da propaganda publicitária e ideológica (e dos negócios), estão os artistas e suas artes, furando o bloqueio, jogando no time da esperança (outros, da mendicância), e o jogo continua. Não começou ontem e nem vai terminar amanhã, é um jogo que se faz com regras definidas, veladas, numa relação piramidal de poder, mas que possui brechas, furos que podem se tornar arrombos. Furos que só no futuro serão percebidos. E que venha o dito cujo – que já é amanhã! Enfim... Boa feira pra nós!


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 04/10



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