quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leituras do Cotidiano - 10/10


A difícil tarefa de ser Vip...

Já não bastasse eu ser um escritor e professor pop, agora também sou isso vip. Só ainda não cheguei ao grau de backstage – mas acredito que não vá demorar muito pra isso. Contudo, em certo grau, morar em Xapecó e estar na Efapi, apesar dos elevados valores cobrados em quase tudo no parque (viu, não é só no nome que a feira é ‘grande’!), da segmentação ou segregação dada por essa moda vip, é ser também vip. Somos ou não somos a capital do oeste, velho oeste?! (olha o ufanismo aí!), então?! Além de eu ser um xapecoense vip, para onde eu olho vejo tudo se ‘viprivatizando’: o estacionamento é vip, a frente cercada e segmentadora da concha acústica é vip, as garotas famosas e peitudas do backstage são vips, você pousando para foto com elas ou eles também é vip, o finado pé de bocha é vip, o mundo é vip, tudo é vip. O ‘ser vip’ está por tudo e na cabeça dos que querem ser vip. Vip não é apenas uma condição econômica, é um estado de espírito, uma filosofia, uma religião, uma ideologia. Ser vip é ter seu espaço garantido. Até no cemitério temos buracos (jazigos) vips. Então, seja vip você também, aderindo ao ‘viprismo’ contemporâneo! Certamente, o jornalismo do Gazeta não ganhou credencial para a feira, pois não é vip. Nisso, nossa demo-cracia é vip. Só que nela, detalhe, a modo de Orwell e sua ‘A revolução dos bichos’, “uns são mais vips que os outros”...














Pro bico dos tucanos...

Um leitor meu aparece em minha frente na feira me indagando: "Ei Herman! existe coisa mais segregadora do que esse tal de backstage? onde quem paga mais adquire o direito de
 ficar num lugar privilegiado junto ao palco dos grandes shows e a festa privê? Capitalismo 'separatista' declarado e com comprovante dado pelo poder público! Tu que é historiador, não parece segregação racial? Não lembra as festas e bacanais do Império Romano em torno do poder?" Eu, que nem havia dado atenção a isso (e nem precisou meu certo olhar sociológico), me dou conta quando vejo as informações e as imagens publicitárias. Continuando, o leitor dispara: "E o que você acha, será que rola alguma folia com aquelas garotas peitudas no backstage ou com aqueles bombadinhos famosos? ou é só firula pra sair em fotografia e se gabar de poder estar nesse lugar?"  E ele então finaliza: “Não é pro bico do povo, esses pardaizinhos! É pro bico dos tucanos!".


*

“As crianças que eu amo tanto, me inspiram uma esperança fadada ao pulso sorridente da vida – o combustível da minha mobilidade. Eis a fonte, entre outras, da minha vontade de potência (leia-se Nietzsche). O sorriso de uma criança tem mais força em mim do que aquilo que eu desprezo - e assim sigo adiante. Obrigado crianças!”


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 10/10



Um comentário:

Marciane H. disse...

Gostei mto do texto Herman! Parabéns!