sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Efapi, grandes percepções!














Estive no parque. Atento, com olhos para as gentes e não para os negócios. Mas não só eu. Vi pessoas avulsas e em família – mas não muitas. Eis que na fila da bebida, um senhor me aborda. Parecia me conhecer: “Tu é o Rerman do jornal, né? Gosto do que tu escreve piá! Falando nisso, mas que falta de respeito que tá isso aqui rapá! Tudo caro. Estacionamento, entrada, comida, tudo! Não dá pra ficar muito tempo aqui. Tu trabalha a semana inteira e vem pra desparecer um pouco, trazer a família, as criançada, e se estressa mais ainda. To vendo que vou deixar uns trezentos contos aqui hoje. Já tá quase lá! E os horários dos shows que mudam como bem querem? Desci pra ver uma banda da piazada tocar e o que era pra ser cinquenta minutos virou vinte. Que vergonha! Que incentivo pra piazada é esse, não é? Isso aqui deveria ser pro povo que trabalha e não tem espaço pro lazer. E aquele fiasco ali?! (referindo-se ao ‘backstage’). Separam as classes pelo dinheiro que elas tem. A frente do palco pros magnata vazio, e pro lado de fora do alambrado, esse tumulto, essa distância! Falta de respeito com a gente. Só que não dá pra falar muito, é perigoso. Do jeito que anda e com a justiça que temos por aqui, não dá pra facilitar, né?!”. Depois do papo, bebo uma cerveja reflexiva junto ao eco das palavras do senhor que nunca havia visto antes, mas que me conhecia, ele e seu aguçado olhar perceptivo. 


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 11/10



2 comentários:

Carlos disse...

Parabêns pela postagem Herman, excelente análise, perfeita a sua percepcão acerca da "viprivatização" da efapi, penso que seja uma tendência cada vez maior na nossa cidade. Fato é que o evento perdeu o foco há tempos e parece que para as próximas edições a segregação vai ser ainda maior tendo em vista a idéia dos mandatários locais em retirar os shows do parque para poder exprolá-los ainda mais.
Nessas horas lembro da musica do F.U.R.T.O - Egocity
Um abraço e desejo que o amigo continue com os comentários "sem rabo preso"

Herman G. Silvani disse...

obrigado Carlos! continuamos...