quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Leituras do Cotidiano - 24/10

Os anarquistas tem ‘razão’!?













(Primeira Greve Geral do Brasil, São Paulo 1917, pelo anarco-sindicalismo) 

Uma das polícias mais truculentas, repressivas, reacionárias, violentas e mal preparadas do mundo, é a do Brasil. E quem é a polícia? É o braço armado do Estado. Enquanto a polícia (ou o Estado), nos mais recentes movimentos de rua, reprimia jovens estudantes pelo país, onde a direita acusava a esquerda pelas ‘ações depredadoras’ desses movimentos, e a esquerda institucionalizada acusava a direita do mesmo, ambas opositoras, mas ao mesmo tempo ambiciosas pelo Estado, e nesse sentido em ‘comum acordo’ (leia-se arranjos e coligações), os anarquistas, aos poucos, voltavam a ser manchete no cenário nacional. Logo, o mesmo Estado investiu violentamente acima dos professores, sob tudo no Rio de Janeiro, e mais uma vez, meia dúzia de anarquistas visados pelos meios de comunicação de massa e pelas ideologias de Estado, levaram a grande culpa de tudo – para o convencimento das ideologias que ainda disputam suas ‘zonas de influência’ (leia-se Guerra Fria). Tudo o que acontece daí pra frente é culpa dos chamados black blocks ou mascarados ou anarquistas – ‘quanto poder tem essa gente?’ – para os pretextos alheios. Para a direita e seus meios de comunicação de massa, são ‘vândalos mascarados’ infiltrados nas manifestações brancas e azuis democráticas, perturbadores da ordem e progresso positivista. Para a esquerda institucionalizada e/ou governista (ou o que também podemos chamar de esquerdismo), são grupos da direita patrocinados pelo imperialismo capitalista ou empresas privadas, infiltrados nas divinas manifestações vermelhas de cunho socialista-stalinista. Em ambos os casos, ambas as ideologias discursam em lados opostos, mas numa proximidade de visão onde acabam se encontrando. Agora, mais recentemente ainda, ativistas pelos direitos dos animais fizeram a soltura de cães de um laboratório atrelado à indústria farmacêutica e de cosméticos, e mais uma vez anarquistas e mascarados black blocks são os demonizados da história. E nessa festa ideológica por reformismo e/ou manutenção de poder, ou no mínimo, discurso, para ambos os lados, anarcos e blacks são o mal – enquanto o pau come nas ruas pelo braço armado e reacionário do Estado dito democrático - o grande e velho problema do dualismo platônico que infesta ideologias que miram o poder do Estado pra si. Rememorando minhas antigas leituras, dentro deste contexto, chego a pensar que os velhos clássicos anarquistas tinham razão quando se referiam ao Estado, naquela histórica e teórica disputa entre eles e os marxistas. Até que se prove contrário, a história mostra que o poder corrompe. Nisso, a corrupção vive incrustada no Estado (ou este é corrupto por natureza) ou pelo menos, desde a sua criação (invenção). Atualmente, em nome de uma suposta democracia e ordem social, a polícia violenta nas ruas aos olhos cintilantes do Estado. E a democracia é um discurso que sai vulgarizado das bocas ideológicas dos subalternos institucionalizados que disputam entre si um espaço nessa estrutura corporativista que já é deles – esquizofrênicos ou dementes por poder. Hoje amigos, frente à realidade violenta do Estado, numa releitura dos velhos anarquistas, dei-lhes a pouca razão que possuo...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó, 24/10



Nenhum comentário: