Sou
a cópia imperfeita de mim mesmo. Nasci num tempo errado – ou errado no tempo - e nele continuo
vivendo, errando. Cada passo que dou, cada palavra ou linha escrita que
destilo, são falhas, sobras, riscos de mim mesmo – d’eu mesmo, e que transformo
em expressão. Cheguei a um ponto em que tudo o que faço e movo tem a minha
expressão ali registrada. Mesmo que às vezes nem pareça, pois, muitas vezes sou
um outro em mim mesmo. Confuso? Sim. Mas não se preocupe, é confuso pra mim
também. Em seu ‘Assim falou Zaratustra’, o filósofo alemão Nietzsche (se fala
‘Niti’) anotou: “O ego espera pela
inspiração de se divertir com o ato de criar”. E eis que eu me entrego à diversão. Dou luz a
mais uma divagação. Uma crônica? Um filosofar? Ou simplesmente um delírio meu?
Não sei. O que você acha? De minha parte, fico com a última possibilidade. Às
vezes, de um bom delírio nasce um bom texto. Às vezes! Hoje, talvez não. Amanhã
quem sabe. Quando eu serei outro, diferente do que já fui hoje. De uma forma ou
de outra, continuarei sendo essa cópia, imperfeita, infiel, rasurada, suja,
disforme, de mim mesmo. Minha expressão e minha impressão registrada nessas
páginas que amarelarão em breve, jogadas num canto de uma barbearia qualquer ou
de um bar onde seus frequentadores de final de tarde, entre um trago e outro,
se encontram para falar da política local. Lerão esse texto e dirão: ‘Esse sujeito
não dá pra entender direito!’. E os dias seguem como as palavras. Cópias
imperfeitas de si mesmos...
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 07/02
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