sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Entre bem e mal: o corpo, a palavra e o silêncio...
















Polícia dá porrada de um lado. Manifestante discursa fragilmente de outro. Sininho esculacha o governo, mas acredita que com seu partido ou seu discurso reducionista vai fazer a revolução social. A revista Veja vê, noticia, distorce, pinta e borda, e vende tudo. A Globo aumenta pontos na sua audiência, outrora melhor. Eu continuo aqui, percebendo, produzindo crônicas e ideias e canções e poemas, ‘não sendo contraditório, mas contraditor’, como diria o grande filósofo. Sofremos gravemente de uma falta ou de um excesso de educação, pois de uma forma ou de outra, nossos atos e ideias e discursos, são reflexos de uma educação, de uma cultura. Somos animais culturais que absorvem, reproduzem e assim se encontram ou se perdem. Financiados, induzidos, orientados ou não, temos voz, a palavra e o corpo. O corpo por vezes indesejável ou indesejado – e muitas vezes, indefeso. A palavra também tem corpo – mas se defende - e seu corpo treme, febril, inquieto, cheio de dores e alguns calafrios. O corpo da palavra tem forma, tem imagem. A palavra do corpo e o corpo da palavra. Eu, você e todos os outros, temos corpo, mas nem sempre a palavra. Minha palavra magrinha, porém de ossos duros. Existem palavras, como as minhas, que não tem cura. Existem corpos incuráveis e vozes que, às vezes, silenciam. Entre bem e mal, o silêncio ruidoso dos corpos que caem e das palavras que se elevam...


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 21/02.



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