Um ser possível...
Andei comprando briga. ‘Que novidade eim Herman!’. Pois é. Como já
me disseram: ‘Isso é que dá ser cronista’. Pior que nem é por isso. Quer dizer,
é sim! Mas é a confusão que alguns fazem quando leem crônicas pensando no
Herman e suas outras facetas. ‘Se você fosse uma carta de baralho seria um
coringa!’, também já me disseram. Acontece que alguns estudantes ou
pretendentes a filósofo, pensam que sou como eles. Ou seja, que tenho pretensão
em ser filosofo só porque escrevo, publico e me arrisco a certos pensamentos
por aí, além de, como (de)formação, ser um historiador que também dá aulas de
filosofia (para piorar, também de linguagem, sociologia e Wing Chun, além de
história, é claro! Ah, também já dei aulas de geografia). Mas sou professor de
filosofia não por uma simples escolha. Um respeitável professor me disse: ‘Foi
a filosofia quem lhe escolheu!’. Estudava filosofia muito antes de querer ou
cursar história na universidade. O que me levou também estudar sociologia e
linguagens. Acabei por me graduar em história com uma razoável base teórica,
tanto na filosofia como na sociologia e antropologia (inclusive minha escolha
de uma antropóloga na orientação da pesquisa se deu por isso). Além disso,
sempre tive apego as linguagens, principalmente artísticas, influência do meu
avô e meu pai, creio. Também sempre fui praticante, ou seja, rodei em viagens e
militâncias políticas por aí. Acabei por me especializar em filosofia e
sociologia na educação, o que me despenho em estudar bastante atualmente. Minha
ligação com a literatura e as linguagens me fizeram, já faz um bom tempo,
produzir textos (prosa e poesia), mas principalmente crônicas. Uma ‘modalidade’
que me permite transitar com certa autonomia em algumas ‘áreas do conhecimento’
(a filosofia é um exemplo). Sei que isso não agrada a alguns, mas minha função
ou intenção não é mesmo agradar. Alguns questionam: ‘Como você pode não focar
numa coisa só?!’. Não sei como, e nem se consigo. Se faço e acontece, talvez seja
por uma necessidade e certa habilidade. Certo alguém já me falou: ‘Cara, admiro
sua postura, seu trabalho, sua forma de pensar e interagir! Parece que você faz
o que realmente gosta e do jeito que pode’. Isso me soou como uma questão
interrogativa que me provoca até hoje. Já pensei em desistir de alguns dos meus
afazeres, mas não consegui – ainda! - para a ira de alguns e a possível alegria
de outros. Lecionando história e
linguagens, foi que me descobri também professor de filosofia (deus me livre se
eu escrevesse aqui: ‘filósofo’! alguns quereriam minha morte!). Foi,
primeiramente, os próprios alunos, depois a escola, que me indicaram ou
chamaram para lecionar filosofia. Ou seja, não fui eu quem pediu. Isso vem de
encontro ao que o professor Herval me disse, e que já citei acima: ‘a filosofia
foi quem me escolheu e não o contrário’ – ou seja, aconteceu! Tanto que, na
escola em que trabalho ainda hoje, abriu-se a cadeira de filosofia por minha
causa - além do café na sala dos professores (risos). ‘Talvez essa seja a sua
missão Herman! Mudar o meio a partir das suas escolhas!’ – foi o que me
disseram doutra feita. Mas não, não sou missionário. E se escolhi, escolhi
muito pouco ou quase nada. A maioria das coisas acontecem, reticência... Mas
confesso, sou um apaixonado por quase tudo o que faço, e isso me ajuda a fazer.
Se é bom ou ruim, se funciona ou não, deixo para os outros (sob tudo meus
alunos e leitores) que o digam, e assim também se arrisquem, pois, arriscado
também é dizer...
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó...
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