sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Leituras do Cotidiano, 22/08

Xapecó e seus anos


Xapecó chega a mais um aniversário, sã e salva. Por enquanto. Levada ao crescimento do país dos últimos 12 anos pelos governos ditos de ‘esquerda’, Xapecó acompanha esta realidade, como muitas outras cidades do Brasil, e não haveria de ser diferente, pois, além desse ‘acompanhamento’, temos um histórico de desenvolvimento. Então, falamos muito em desenvolvimento (principalmente nosso poder público e mídia local, que gostam muito deste termo). Mas que desenvolvimento é este? E para quem? Eis as questões que não podem calar. Além de, mais e mais edifícios que esfriam um tanto mais a cidade e escondem parcialmente nosso lindo céu, mais e mais automóveis luxuosos que deixam as ruas quase que intransitáveis, perguntemos: ‘De qual desenvolvimento estamos falando?’. A melhoria nos acessos e oportunidades do brasileiro, dado pelo avanço, sob tudo, econômico do país, fez com que o consumo aumentasse, e muito! Nossa cultura é de produção. De fato! Mas, além da produção de necessidades, da produção de lixo. E não sabemos lidar muito bem com isso. Lixo tóxico pelo combustível dos carros que rodam e rodam, inclusive. Cadê o nosso transporte público de qualidade? Aonde vamos chegar com isso tudo? E nossos povo nativo, os chamados ‘indígenas’? Eles também tem parte neste ‘desenvolvimento’ local? E os andarilhos, moradores de rua? E os artistas independentes? Tem seus dignos espaços neste desenvolvimento todo? Se nosso desenvolvimento artístico-cultural e educativo-intelectual não acompanhar o econômico-material, estaremos, daqui um tempo, ferrados! Sem ser pessimista, mas, a realidade não é uma mecânica, ‘ela é hoje o que pode não ser amanhã’. Então, ao comemorarmos, pensemos nisso. Por uma Xapecó de céu azul e ar bom de se respirar...


Eleições e mídia

Medíocre 'cultura jornalística': entrevista ou hostilização?

A velha tática do jornalismo dirigido: tentar colocar na boca do entrevistado as palavras que a emissora (os grupos de poder por trás dela, no caso) deseja mostrar. A ‘entrevista’ do Jornal Nacional da Rede Globo não foi uma entrevista, pois as questões não eram relevantes - a serem respondidas por um(a) presidente(a), no caso. O foco era o discurso acusador, baseado em rumores e subjetividades. Um 'massacre' de 'acusações' e nada de problematização. Retórica dirigida ao ignóbil. Atitude típica do jornalismo 'espetacular' de entretenimento e vulgarização da informação, do conteúdo e da política.

E a mediocridade prossegue...


Com o acidente que vitimou o ex-candidato presidenciável Eduardo Campos, assim como os demais que o acompanhavam, a rede social (al)facebook foi tomada por depoimentos. Uns emotivos, outros mais frios. Mas, os mais bizarros foram os que tentaram relacionar a queda do avião com a atual presidenta Dilma e seu partido, o PT, atribuindo direta ou indiretamente a culpa do sinistro a estes. Alguns até usaram do misticismo (numerologia e afins) para, ideologicamente ou imbecilmente, tentar fazer uma relação de acusação, baixa, vulgar, mesquinha. Por isso e por outras, é que nossa ‘democracia’ é o que é – todos devem saber. Um oceano ideológico e/ou ignóbil, de falta de bom senso, de corrupção, de mediocridade. Muitos assim, infelizmente, fazem o (des)serviço de reduzir a democracia a este circo – onde que, quem tem visão pode ver. Para a boa saúde do ‘espetáculo’ nosso de cada dia.


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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