sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Xapecó...

Cidade que já foi – como tantas outras. Já foi Xapecó com ‘X’, quando os povos nativos desta terra ainda eram vistos como parte da nossa história (tanto que, da sua forma linguística é que veio o nome que hoje, parece ser nosso) – relativamente ainda são, graças ao esforço de alguns historiadores, antropólogos e afins, além dos seres sensíveis que pisam dignamente neste chão. Hoje, Chapecó, com um ‘Ch’ ocidentalizado. Motivo? Perguntem ao imperador. Já foi Estádio Regional Índio Condá. Suprimiram o ‘índio’ (pra variar), além do ‘regional’. Hoje, ‘Arena’ (algo típico de um império – leia-se antigo e destruído Império Romano) - entre outros tantos ‘desenvolvimentos’ (mas só para alguns), no concreto e na nomenclatura. No entanto, somos todos estrangeiros nessa terra que nunca vai ser nossa, por mais que a cerquemos, como com os títulos farpados dos coronéis. E a terra nos comerá, um a um, dia após dia, lentamente. Nós e nossas ambições e habitações irregulares. Nossa pressa motorizada pra se chegar a lugar nenhum. Padeceremos com isso, habitantes que somos dessas ‘cidades destruídas. Nós e nossa humana e ‘divina comédia’ urbana...


“Viajar em estado de calma / E morar em cidades destruídas / Jamais ler seu poema até o fim / A divina comédia humana” (José Paes de Lira)


* também publicado no jornal Folha do Bairro, 22/08.



Nenhum comentário: