sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Leituras do Cotidiano, 12/09

Xapecó, seus crimes e a ‘fábrica de multas’

Bem vindos ao crime! Bem vindos ao monitoramento! Você está multado! Bem vindos à cidade dos carros zero, dos altos prédios e das multas de trânsito. As câmeras monitoram a política local e o trânsito, para fins diferentes, é claro. Monitoram crimes? Sim, crimes. Todos eles. Desde o caso da morte que ainda não convenceu de um vereador, até aquele pequeno delito cometido no trânsito. Desde as péssimas condições do transporte público até o descaso do poder público com isso (e por quê?) - até o desleixo e falta de respeito aos nossos primeiros habitantes, os povos nativos ou índios que perambulam pelas ruas frias da cidade. Crimes, diferentes, mas crimes, todos eles, cada qual da sua forma e tamanho. Como todos podem perceber (alguns fingem que não), Xapecó ainda tem um tanto de ‘velho oeste’ no seu desenvolvimento. Nosso paraíso infernal. Nosso inferno paradisíaco. Pague e não bufe! Eis a nossa mais irônica moral...


Eu nunca fui Patrícia! & nem sou macaco...

Não lembro se um dia já fui seguidor da manada. Talvez eu tenha tido sorte. Pode ser. E meu nome nunca foi Patrícia.

Sobre a torcedora gremista flagrada num ato de racismo (entre tantos outros desequilibrados que urram suas estupidezes em público), um tal blogueiro chegou a escrever um texto que leva o título: ‘Já fomos todos “Patrícia”’, diluindo o ‘erro’ da moça nos outros. Ou seja, essa coisa de transferir o que é pessoal ao coletivo, dessa forma, é outra estupidez. Coisa de ‘bom cristão’ que acha que com isso tudo se pode salvar. Pois é, jogar pedra, amarrar num poste ou linchar, só com o 'preto pobre da favela’. Não que a moça tenha que ser violentada, jamais isso, mas também, essa coisa de ‘todos somos’, ‘todos já fomos’ e o escambau, é uma tosquice. Já publiquei ‘Somos todos Zapata!’, antes desse modismo relacionado ao futebol e afins. Mas nisso há um abismo de motivos e conteúdos diferentes, diga-se de passagem.


Tem exagero nas críticas a moça? Até tem. No caso, principalmente na exposição midiática da chorona reprodutora. Mas tem que moralizar. Retratamento público e pessoal ao ofendido e algo de punição nos trâmites da lei. Só não precisava do 'espetáculo'. Coisa que a mídia adora, pois lhe rende. Mídia esta que é tão estúpida quanto à moça foi neste seu ato. Parte horrenda do ridículo 'espetáculo nosso de cada dia' que muitos reproduzem ignobilmente. E nas redes sociais muitos são sociólogos, psicólogos, juízes e analistas, mesmo não sendo. Para a boa saúde da mediocridade cultural. E há quem insista em dizer que ‘é tudo culpa da Dilma e do PT. Das bolsas e cotas. Quando soube deste caso, logo pensei no perfil daqueles que na Copa do Mundo, em coro deferiram palavrões para a presidenta Dilma e vaiaram hinos de times latinos. Os 'brasileiros' anti-cotas, bolsas, mais médicos, entre outros programas sociais que pagaram uma grana para ver os jogos e dar este showzinho de mediocridade e ‘boa educação’ aos visitantes. ‘Somos todos macacos’ o cacete! E o 'espetáculo' continua...


* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.



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