“Deus está morto”. Frase chocante do filósofo moderno alemão Nietzsche,
principalmente quando descontextualizada ou mal interpretada. Mas quem matou
deus? O próprio homem monoteísta-moderno. Politeísmo (crença em mais de um
deus) e humanismo (valor no homem) são duas características da Idade Antiga.
Monoteísmo (crença em um deus único) e teocentrismo (deus como centro de tudo)
são duas características da Idade Média. Chegamos a Modernidade. Aqui, no
chamado ‘mundo moderno’, desde o Renascimento e com o Iluminismo, o humanismo
retorna, mas se mantém a crença (ou ‘discurso’? - sob tudo ocidental) em um ‘deus
único e absoluto’. O politeísmo no ocidente ficou na antiguidade. Hoje temos um
mundo, em sua maioria, ‘monoteísta’ e ‘humanista’, onde se pensa, acredita e se
prega ‘um só deus’ e se ‘valoriza’ o homem como ‘centro’ das atenções nesta
‘modernidade’. Eis o ‘sentido’ da frase ‘chocante’ inicial de Nietzsche. O
‘deus morto’ é o deus que perdeu muito da sua ‘importância’ na modernidade,
onde a ‘ciência’ passa a dividir com este ‘deus’ a crença e confiança da
maioria das pessoas. Segundo Nietzsche, ‘o homem construiu uma imagem de si
muito superior do que ele consegue ser’, colocando deus como sua ‘imagem e
semelhança’. E o homem monoteísta-moderno continua matando em nome de ‘seu
deus’. Deus que ele próprio matou.
* também publicado no jornal Folha do Bairro, 16/01.
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