quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Motivos da minha chatice:

O agrupamento em torno de algum símbolo, de algum dogma, de alguma crença, se dá por certas afinidades ou semelhanças na necessidade e nível intelectual dos homens. Existe aí uma vibração humana comum, onde os homens se juntam nessa mesma vibração, o que gera o culto. O psicanalista Jacques Lacan, discípulo de Freud, pensou o mundo pelos vieses do imaginário, do simbólico e do real. Fazendo a relação disso com a sociologia do cotidiano de Michel Maffesoli, dá pra compreender melhor esse fenômeno humano, ou seja, a união das pessoas em torno de algum símbolo ou ícone, que se dá por uma vibração comum. Exemplos por aí é que não faltam. Seja observando uma torcida numa partida de futebol, crentes numa missa ou culto ecumênico, fãs num show de rock ou sertanejo universitário, entusiastas num torneio de MMA, ou mesmo ‘gaúchos’ num acampamento farroupilha, as pessoas se agrupam para cultuar algo e se sentirem juntas, seres sociáveis, pertencentes a um grupo. A soma dos anseios e desejos particulares reflete na vibração comunal que o grupo passa a gerar. Aí vem o historiador avacalhar um pouco com isso, percebendo os motivos e onde isso vai dar. Estraga festas como nenhum outro, o historiador parte do fato, deixando de lado as alegorias e possibilidades do fantástico. O mais próximo da realidade que puder chegar, o historiador vai fazer. Em busca de uma verdade, que se sabe, nem mesmo existe. Por isso também se trabalha com possibilidades e versões de uma mesma situação, mas nunca com determinismos teóricos ou filosóficos. É preciso considerar o máximo que puder para se pensar e compreender a história. Por isso, muitas vezes o historiador se torna um chato que até parece um aristocrata arrogante nas suas considerações. Mas isso tudo se postula enquanto historiador, na frieza da sua função. O fator humano, sujeito da própria história, gente dentro de um determinado contexto, é outra coisa. Já fui bem mais romântico, bem mais utópico. Mas isso, antes de conhecer Nietzsche e de estudar história. Ainda que possua toda a liberdade de pensamento adquirida com a filosofia, com a literatura e a música, a história me deu algo mais terreno pra pisar. Se mitos e crenças se constroem a partir de alguma história, é a partir da própria história que dá para questioná-los. Enfim...


Caiu na rede... É peixe!

Domingo, Rock in Rio na Globo. No site do Yahoo, videozinho mostrando as vaias que a dondoca baiana da Claudia Leite recebeu de parte significativa do público daquele evento prá lá de lucrativo – coisas que a Globo não mostra, porque será? Foi bom! Assim, talvez ela e as suas ‘iguais’ (Ivete Sangalo, Vanessa Camargo e CIA) desçam um pouco dos seus altares (acho muito improvável, mas vai lá!). Está acontecendo uma moda, como uma febre, dessas ‘divas’ da música pop brasileira imitar as cantoras pop norte americanas e suas musiquetas eletrônicas – pura produção! Acrescentam um sambazinho ali, outro aqui, só pra dizerem que valorizam a cultura do país ou sei lá o que! Uma chatice sem tamanho! Ver pela televisão essas cantorzinhas forçando a barra. Criatividade que é bom, nada! E a TV, as rádios, sempre enfiando goela abaixo essas ‘mesmices’ na população mais desinformada ou desavisada, ou ainda, acomodada. Sim, acomodada! Tanto na música quanto na cultura e arte em geral, existe uma imensidade de produção, coisas boas, criativas, sinceras, com profundidade. Mas alguns preferem, ainda assim, o raso. Por quê? Talvez porque assim, não precisam se comprometer. Já que um velho chavão diz que ‘pensar dói’ - e às vezes, sentir também - então vamos ‘fazer de conta’, é mais cômodo. É a dita covardia ou preguiça cultural. Receber e aceitar o que já vem pronto é mais fácil do que ter que buscar e do que criar. Enquanto eu dava meu pitaco na telinha da televisão, navegava. E no facebook, alguma crítica, alguma ironia e muita efemeridade. Fotos e fotos de gente mostrando partes do corpo. Biquinho daqui, peitinho dali. Pose daqui, foto em espelho daqui. Eita narcisismo barato, gratuito! E tem pai que nem sabe da sua filha. Criança caindo na rede é peixe. E os pescadores todos em volta, esperando a hora de fisgar ou tarrafear sua janta. Reprodução de um espetáculo de uma sociedade espetacular, onde a imagem é quase tudo. E isso é que faz essas cantorzinhas (as que mencionei anteriormente), estarem onde estão: no ápice do status do ‘pão e circo’ da nossa cultura efêmera. E quantos querem ser como elas? Na feira (me refiro a Efapi 2011), também vai ter muito disso, certamente. O Luan Santana é um exemplo. Mas eu só estou escrevendo isso, por não ter assunto mais relevante no momento (ou porque sou um chato mesmo!). Enfim. Tenham todos uma boa noite de sono que amanhã tem mais...


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