quinta-feira, 9 de maio de 2013

Da janela vejo a rua...






















Encontrada no lixo por uma vizinha, viva e amarrada dentro de uma sacola plástica, ela foi adotada. Algum (des)humano irresponsável a fez objeto descartável. Cães jogados na rua, ignorados pela estupidez humana passeiam suas misérias por toda a cidade. Foi atropelada por um carro que não prestou socorro. Com a coluna quebrada caiu no asfalto. Resistiu ao atropelamento, mas seu sofrimento foi não andar, correr, nem brincar mais. Mas ontem ela aproveitou e latiu o que pôde, como nunca. Comeu bolo doce e avançou. Fez coisas que nada ou pouco havia feito antes. Foram seus últimos momentos antes da agulha atravessar seus pelos, furar seu couro e entrar em sua veia. Ela foi embora lentamente e alcançou o seu céu. Um céu dourado cheio de cães, ossos, natureza e carinhos. Muito do que lhe faltou na sua breve vida. Adeus canina olfatória que passou seu tempo aqui, passeando na frente da minha casa junto o latido dos meus cães que corriam de um lado ao outro do pátio, querendo ganhar a rua com você. Agora, da janela aqui de casa, só vejo aquilo que foi sua morada em dias de chuva e frio. A casinha branca é uma lembrança triste. Olho pela janela. A rua na frente de casa nunca esteve tão vazia...

Em memória... 06/05/2013.


* também publicado no jornal Folha do Bairro, em 10/05



Nenhum comentário: