sexta-feira, 3 de maio de 2013

Palavra & eternidade...



Eu não tenho muito, mas tenho a palavra. Se me pedirem se ela é suficiente, digo que não. E não minto. Mas o excedente me basta - além da palavra – e isso pode ser pouco, mas também pode ser muito. Escrevo desde muito novo. Minha timidez e o silêncio que eu era quando criança, transformaram-se em palavra escrita – minha melhor forma de comunicar, até hoje (acho!). Com o passar do tempo, também aprendi a falar em público, e a palavra se transformou em voz sonora. Demorei muito para adquirir minha própria voz – tanto a falada quanto a escrita. Também já fui apenas um mero reprodutor de palavras e valores – se bem que não lembro desse tempo (se é que ele existiu). Desde muito cedo desconfiei da palavra dita, pregada. Pregações e pregadores nunca me convenceram, e hoje estou aqui, minando espaços com a palavra. A palavra é arma, a palavra é furação, a palavra é bomba. A palavra tem força, tem voz, tem vida. E eu faço dela um exercício, do dizer, do existir, do ecoar. Por vezes, diferente da matéria, a palavra é eterna - tanto é que muitos se eternizaram por ela. Mas não é por isso que escrevo. No entanto, também é por isso que vivo.

Herman G. Silvani


* também publicado no jornal Folha do Bairro - 03/05

Um comentário:

Anônimo disse...

Nada melhor que uma boa palavra.