quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Rolezinhos e Segregação: impressões e constatações


..e os 'rolezinhos' nos shoppings... (título meu)

Lendo os comentários dos "homi de bem" nos artigos sobre os "Rolézinhos" penso na impossibilidade de exercício de qualquer tipo de democracia, mesmo a liberal. É impressionante a incapacidade de muita gente de compreender o mínimo das próprias regras do jogo. O nível do pensamento é altamente binário, maniqueísta, simplista e com baixíssima capacidade de abstração. 

O sujeito responde à alguém que crítica a liminar que proíbe os rolezinhos com um argumento do tipo: "Se gosta tanto deles leva pra casa" ou uma versão diferente do mesmo argumento tosco "Então quero ver se tu vai gostar se esse pessoal for fazer rolezinho na sua casa". 

Esse sujeito é perigoso, perigoso para o convívio democrático. Na verdade, a última coisa que esses sujeitos defendem é qualquer tipo de democracia ou igualdade. A igualdade é sempre uma questão de mérito: "Se não tem dinheiro pra comprar é por que não se esforçou".


(Leonardo Santos, professor da UFFS e cientista social)



ROLEZINHO

Eu não curto funk-ostentação (funk, para mim, continua sendo Tim Maia, James Brown, Funkadelic), muito menos shopping center. Procuro me manter longe de ambos. Mas acho que é preciso entender o que está acontecendo. Antes de sair julgando (e quase todo mundo se comporta como juiz hoje em dia), acho que é melhor entender o que está acontecendo.

Pensa bem: se aparece uma ferida feia na mão direita, você vai até o médico e pede para ele cortar o braço, antes que vire uma necrose, uma lepra, um câncer? Ou tenta entender que tipo de ferida é aquela para poder tratá-la?

Antes que confundam tudo, entendam que não estou dizendo que os moleques que fazem rolezinho em shoppings, estimulados pelo-funk ostentação, sejam uma ferida feia. 

Estou dizendo que estamos vivendo numa sociedade doente até o talo (afinal, são 514 anos de segregação, brutalidade e cinismo) e que as feridas vão explodir cada vez mais, em todos os lugares. 

E o que vão fazer: chamar a polícia?

Ou o médico?



(Ademir Assunção, escritor)

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A recriminação (in)visível!

'Rolezinhos em shoppings' não são novidade.. já aconteceram no passado.. só que em outros contextos:

http://www.ideafixa.com/documentario-hiato-ou-a-recriminacao-invisivel/

O corpo e a imagem como desconstrução: 'que lugar meu corpo ocupa?'

"sou um homem de fronteira que anda de um lado para o outro, por todo lado e sem lado algum.. absorto em palavras e imagens escorregadias, em parede áspera a espera do próximo chão.. me misturo e me perco na paisagem que ajudo a constituir.. a fronteira é um espaço sem tempo e desterritorializado, onde vivo a maior parte do meu tempo.. sou um homem de fronteira, nômade e vulnerável, meu destino é em todo lugar..." 

(trecho de um texto escrito por mim a partir de um diálogo meio torpe com o amigo professor Mano)




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