..e os 'rolezinhos' nos shoppings... (título meu)
Lendo os
comentários dos "homi de bem" nos artigos sobre os
"Rolézinhos" penso na impossibilidade de exercício de qualquer tipo
de democracia, mesmo a liberal. É impressionante a incapacidade de muita gente
de compreender o mínimo das próprias regras do jogo. O nível do pensamento é
altamente binário, maniqueísta, simplista e com baixíssima capacidade de abstração.
O sujeito responde à alguém que crítica a liminar
que proíbe os rolezinhos com um argumento do tipo: "Se gosta tanto deles
leva pra casa" ou uma versão diferente do mesmo argumento tosco
"Então quero ver se tu vai gostar se esse pessoal for fazer rolezinho na
sua casa".
Esse sujeito é perigoso, perigoso para o convívio
democrático. Na verdade, a última coisa que esses sujeitos defendem é qualquer
tipo de democracia ou igualdade. A igualdade é sempre uma questão de mérito:
"Se não tem dinheiro pra comprar é por que não se esforçou".
(Leonardo Santos, professor da UFFS e
cientista social)
ROLEZINHO
Eu não curto
funk-ostentação (funk, para mim, continua sendo Tim Maia, James Brown,
Funkadelic), muito menos shopping center. Procuro me manter longe de ambos. Mas
acho que é preciso entender o que está acontecendo. Antes de sair julgando (e
quase todo mundo se comporta como juiz hoje em dia), acho que é melhor entender
o que está acontecendo.
Pensa bem: se aparece
uma ferida feia na mão direita, você
vai até o médico e pede para ele cortar o braço, antes que vire uma necrose,
uma lepra, um câncer? Ou tenta entender que tipo de ferida é aquela para poder
tratá-la?
Antes que confundam tudo, entendam que não estou
dizendo que os moleques que fazem rolezinho em shoppings, estimulados pelo-funk
ostentação, sejam uma ferida feia.
Estou dizendo que estamos vivendo numa sociedade
doente até o talo (afinal, são 514 anos de segregação, brutalidade e cinismo) e
que as feridas vão explodir cada vez mais, em todos os lugares.
E o que vão fazer: chamar a polícia?
Ou o médico?
(Ademir
Assunção, escritor)
*
A recriminação (in)visível!
'Rolezinhos em shoppings' não são novidade.. já aconteceram no passado.. só que em outros contextos:
http://www.ideafixa.com/documentario-hiato-ou-a-recriminacao-invisivel/
'Rolezinhos em shoppings' não são novidade.. já aconteceram no passado.. só que em outros contextos:
http://www.ideafixa.com/documentario-hiato-ou-a-recriminacao-invisivel/
O
corpo e a imagem como desconstrução: 'que lugar meu corpo ocupa?'
"sou um homem de fronteira que anda de um lado
para o outro, por todo lado e sem lado algum.. absorto em palavras e imagens
escorregadias, em parede áspera a espera do próximo chão.. me misturo e me
perco na paisagem que ajudo a constituir.. a fronteira é um espaço sem tempo e
desterritorializado, onde vivo a maior parte do meu tempo.. sou um homem de
fronteira, nômade e vulnerável, meu destino é em todo lugar..."
(trecho de um texto escrito por mim a partir de um
diálogo meio torpe com o amigo professor Mano)
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