Política
Medieval xapecoense em pleno século XXI
Como professor e cidadão, participei de uma sessão na
câmara de vereadores de Xapecó. Em pauta o Plano Municipal de Educação. Pauta
divulgada de última hora, às pressas, decerto para evitar a mobilização da sociedade e não gerar o
debate.
Na 'plateia' (pois a câmara,
por vezes parece muito com um circo ou teatro), o pequeno público: deu um lado
líderes estudantis querendo incluir o debate de 'gênero' no Plano, de outro,
líderes religiosos ('cristãos') e representantes conservadores de direita
prontos para não deixarem (e cadê os 'educadores'? Vi poucos). Gênero, sim, é
conteúdo para ser estudado e debatido na escola, por filósofos, sociólogos,
antropólogos, professores que estudam o assunto, e não por pastores, padres
e/ou outros religiosos que pouco ou nada sabem disso. Escola é lugar de ciência
(humana também, o que é o caso de gênero).
Por detrás da mesa onde fica o 'chefe da casa',
além do brasão de Xapecó, existe uma imagem ('católica') de Jesus iluminando os
'ilustres' representantes do povo (Estado laico?). Um símbolo de poder que,
além de demarcar 'território', intimida, justifica ou legitima alguns discursos
e ações. Alguns vereadores conhecidos meus que se dão o respeito e que
respeitam a população vieram gentilmente me cumprimentar. Retribui, depois
perguntei como era trabalhar num ‘ambiente medieval’. Eles riram e um deles
chegou a falar: 'Tem que ter estômago!'. Frente a certos 'argumentos' de certos
vereadores, só com estômago forte para aguentar. E os 'cristãos' conservadores
resistindo ao século XXI com suas concepções e ideologias medievais, junto à
maioria dos 'ilustres' vereadores. Eis o 'horror-show' que compõe hoje, tanto a
câmara municipal de vereadores quanto o congresso nacional. Por isso, e por
outras, é que as coisas estão como estão. E eles culpam a 'diversidade', os
'diferentes' (que são minorias, inclusive, no poder e nas administrações). E
assim caminha a política institucional brasileira, cada vez mais desprestigiada
e mediocrizada - amém!
* também publicado no jornal Gazeta de Chapecó.
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