sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Justiça seja feita!

Se tem algo que me chateia e me irrita profundamente é sentir ou ver injustiças. Aqui na cidade da construção civil e do desfile de carros importados (e essa já foi a cidade das rosas, acreditem!), a injustiça predomina em alguns ou vários aspectos. O mundo é injusto às vezes, eu sei, mas sentir a injustiça de longe é uma coisa, de perto, é outra. Quando tudo parece estar devidamente no seu lugar, desconfie! Quando tudo parece muito tranqüilo, certinho, limpo, controlado, algo cheira mal. A arte e a cultura, as expressões humanas além da formalidade dos dias úteis estão confinadas em espaços coordenados, territórios monitorados, controlados, policiados. A manifestação artística e cultural, espontânea e necessária dos que produzem parece que silenciou por aqui. Está tudo muito cuidado, localizado, óbvio. E a ressonância, o balanço, o movimento? Estava junto com alguns amigos em um bar novo da cidade, um dos poucos que proporciona ver e ouvir bandas autorais e/ou menos comerciais, curtindo um blues tocado por uma banda de Florianópolis (muito boa por sinal!). Som baixinho dava pra conversar numa boa e tal, quando chega a polícia dizendo pra parar o som porque haviam ligado reclamando. A maior reclamação era por causa das pessoas na rua. Sábado, dia de relaxar o stress do dia a dia, barzinho, música, pessoas se encontrando e conversando, tudo muito ‘normal’. Minutos antes, havia passado pela avenida e muitas pessoas caminhavam, conversavam, muitos carros: tampão aberto, som alto, cerveja na mão, alguns cantavam pneu, etc. Será que disso ninguém reclama? Fila na frente de casas de show badaladas, sertanejo universitário bombando, evento de grande porte em céu aberto acontecendo encostado em bairros da cidade e ninguém reclama? Por que o barzinho tranquilinho e tal é o grande vilão? “Será que ainda existe a exclusão dos ‘indesejáveis’ por aqui?” O pior foi ouvir de uma menina do litoral e não poder argumentar o contrário: “Não conhecia a noite da cidade, achei que tinha mais diversidade pelo tamanho e aparência do lugar. Fazia tempo que não via isso, da polícia vir querer parar a festa por causa de ligações. A poucos metros daqui tem muito barulho, porque justamente aqui? Estranho!” Pois é, estranho mesmo. Não acham? Isso talvez explique porque às vezes me sinto um forasteiro na minha própria cidade.


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