domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sobre linguagem...

Preto no branco. Vamos nós. Muitas pessoas tem medo do que não conseguem compreender direito. Não admitem a linguagem criativa, livre, experimental, poética, divertida e sonora. Querem tudo muito bem explicado, claro, objetivo, lúcido. Por quê? O que vem pela televisão vem pronto, acabado, sem possibilidades de interpretação, e a mente das pessoas fica assim, viciada em só digerir. Aromas e sabores se perdem na velocidade ditada pelo mundo contemporâneo. É preciso correr, competir e chegar na frente. A burocracia é mais assimilada do que a poética. Assim a linguagem agoniza. Ano passado dei aulas de literatura, redação e linguagem em cursos pré-ENEM e pré-vestibular e peguei certa experiência nisso.
 Este ano vi pela televisão a quantia de estudantes que foram mal na prova do ENEM, em linguagem (não foi culpa minha, eu juro!). Pois é. A falta de ousadia e estudo das linguagens faz com que isso seja uma realidade no Brasil. A indústria da cultura empacota e reduz as possibilidades de se construir ou perceber as linguagens. As crianças perdem o poder da fabulação ao se adequarem obrigatoriamente no mundo formal, geralmente adulto e televisivo. Assim a criatividade humana é castrada, censurada, encurralada, ferida, senão morta. E isso, deságua na linguagem. Aprende-se o dito ‘falar correto’, ‘escrever correto’, ‘pensar correto’. Um grande erro! É preciso relativizar isso, pois a língua não é absoluta. Pelo contrário, ela se adapta, se transforma, sofre mutação conforme a necessidade do falo, do dizer, dependendo do lugar e motivo e intenção do que se queira comunicar. Atualmente, escrever de forma criativa parece que se tornou mero entretenimento. A escrita formal típica do mundo burocrata, cartesiano-aristotélico, prevalece. Mas não em literatura. Não em poesia ou música. É preciso motivar as novas gerações para o uso de uma linguagem mais livre, aberta, criativa, para que a palavra não sobreviva apenas na formalidade.
Antes de tudo, trabalho para que nos meus textos por aqui, apesar de caótica, aconteça uma linguagem ‘inclusiva’, literária ou não, em prol de uma causa que não é perdida, porque como diz o gaudério: “Não tá morto quem peleia!”


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