sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Ofício

A profissão ingrata é aquela que dá trabalho, pouca renda e quase nenhum status. Tirando o xarope mago do Paulo Coelho, acho que a maioria dos escritores brasileiros não chega a ser pop. Alguns até vendem, até sobrevivem das suas escrituras, mas o trabalho é árduo. Talvez seja tranqüilo para aqueles que escrevem sob encomenda, ou vendam livros mal-acabados de porta em porta. Mas para aquele que se propõe a escrever artisticamente, trabalhando uma linguagem, fazendo sua voz própria ressonar, é sofrido. Não fosse a diversão e a necessidade que o ato de escrever traz em si, seria trágico. Mas isso pouco importa. O que importa é o valor nutritivo do rabanete, pelo menos para as nutricionistas. Assim como, o que importa aos jogadores de futebol é a bola, além do salário, é claro. Aliás, no Brasil e/ou no mundo ocidental, geralmente, futebol profissional é uma profissão e tanto - para os eleitos eu diria. Tem tanto talento jogando peladas em campos de terra ou quintais por aí e só alguns são promovidos. Mas isso já é outro papo para outro momento, quem sabe! Jogar futebol, assim como escrever, pode render bons frutos, coloridos e saborosos, porém, pode render também tomates estragados na testa. Sim, tomates, vermelhos e em decomposição. Alguns artistas, principalmente os iniciantes ou amadores, são peritos em tomates estragados na testa. Eu, no papel de cronista, também estou sujeito a isso. É um risco que todo o ousado (ou louco?) corre, assim como um amador e todos os outros que não são santificados pela mídia. Às vezes eu digo aos meus alunos que já fui capa de revista, principalmente a algumas alunas (as estereotipadas). Algumas riem e duvidam, outras incrivelmente acreditam. E antes que a coisa fique muito séria, reitero: “Globo Rural!”. As mais espertas riem ou fazem: “Ãaaaaaaaaaaa!”, enquanto as mais ingênuas continuam acreditando. Sabe que não seria mau negócio? Se pagarem bem! Vou entrar em contato, quem sabe...

Mas um escritor tem o que merece. Tipo... “Ei, o que você faz?” “Sou poeta!”, “Não, não, trabalha no quê?!” “Escrevo poesias.” “Além disso...” E o escritor, tadinho, desiste de tentar explicar. Tem que agüentar, quem mandou ser metido!

2 comentários:

Angelo Panisson disse...

Pior que escritores de verdade são amadores. Amam escrever.

Alberto Marlon disse...

...tem o que merece, quem mandou ser metido a escritor? Agora, por outro lado, ama... e, como amador, preza o melhor do rabanete. Paga-se por amar.

---------------------------

Aqui é o tipo de sítio que,a cada vez que se vem, tem-se como recompensa excelentes textos.