segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cães para Juremir


Juremir não tem cães. Vou dar alguns cães para Juremir. Acho que ele merece. Sua falta de cães o faz um pouco menos cachorro. Juremir é um cão. Um cão que ladra e morde. Nem todos os cães ladram, mas não mordem. Juremir morde. A mordida de Juremir não é fatal, mas pode causar algum dano. Seus caninos são pontiagudos e afiados como punhal. Um dia Juremir já chorou a morte de um cão. Um dia Juremir também foi mordido. Hoje, Juremir passa seus dias sem cães a farejar o mundo. Por isso Juremir tem certa alergia do mundo. Compreendo Juremir porque sofro o mesmo. A diferença é que sou cercado de cães. Às vezes também sou um deles - um cão! Me torno! Nos postes da vida é que conheço outros cães - pelo cheiro. Meu faro aguçado de cão vagabundo é minha linguagem mais fiel. Não erro nunca! Juremir queria cães a distância. Puro instinto. Cadelas o agradam mais, certamente. A mim também. Somos cães sem pedigree nem dono. Cães olfatórios de rua. Cheios de pulgas. Não gostamos de coleira. Alguns cães acostumam com coleiras, eu não. Juremir também acho que não. Por isso a nossa ‘meia chatice’, a nossa ‘meia ira’. Ira do cão! Me afino com cães e crianças. Me afino com comida cheirosa - e não com ração. Há cães por toda a parte. Tipos, espécies, variedades de cães. Cães silenciosos e barulhentos. Cães pestilentos. Cães vagabundos e de madames. A maioria dos cães tem a cara dos seus donos, e os que não tem donos como eu, como Juremir, tem a cara de si próprios. Tenho um amigo que também é cão. Um cão andaluz. Herdou o nome de um filósofo maldito e cínico, do grupo dos ‘cães filósofos’. Os melhores! (junto com Nietzsche é claro!). Nietzsche é alemão. A Teckila, minha cadelinha, também é de origem alemã. Uma Teckel ou Duchshund. Cão de caça. Assim como os filósofos, os cães alemães também são inteligentes e perigosos. Gosto de cães de origem alemã. Aliás, admiro parte da cultura alemã. Um país de grandes pensadores que sofreu derrotas avassaladoras nas duas Grandes Guerras Mundiais, se recuperou de ambas e hoje é uma das nações mais ‘fortes’ do mundo. Decerto herdou essa energia, essa força dos seus cães – cães bárbaros! Eu tenho origem alemã – no nome. Mas sou um cão bem brasileiro. Daqueles! Como Juremir. Fraco fisicamente, mas forte no nome e na vontade crônica de combate. Au-au!



Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!