segunda-feira, 13 de junho de 2011

Da amplidão...

“Eu me contradigo?
Pois muito bem, eu me contradigo,
Sou amplo, contenho multidões.”
(Walt Whitman)

Sim, eu não sou confiável sob vários aspectos, pois me contradigo. Sou uma contradição ambulante, uma metamorfose contínua. Se acha que é fácil me localizar, sinto informar-lhe, está enganado! Não sou tão óbvio quanto posso parecer. Aliás, é essa contradição que me garante o movimento – físico e mental. Se parte considerável das pessoas é convicta, tem opinião sobre tudo, eu não me incluo entre esses. Sou um oceano de erros e desencontros – portanto, também de possibilidades (e isso me amplia o vôo). Vivo em constante transformação. Tenho caos dentro de mim. E se a confusão te perturba, é o sinal de que você também ainda tem chance de mover-se. Só se move quem tem vida, além da mera existência física e da racionalidade cunhada em determinados valores morais. Mas a contradição não se dá em todos os momentos e em todos os aspectos da vida e do pensamento, não. Ledo engano! Existe uma e outra contradição. Variantes. Vertentes. Formas. E é isso que da sabor ao mundo.

“O dito e o escrito não provam quem sou,
Traga a plena prova e todo o resto em meu rosto,
Com meus lábios calados confundo o  maior dos céticos”.
(Walt Whitman)

Eu não sou isso que escrevo - não só isso! Isso é só uma parte de mim. Eu sou feito daquilo que me alimento, ouço, leio, assisto, vejo, pratico, daquilo que vivo. O meio influencia muita coisa nessa constituição, mas não tudo. Parte vem de dentro. Nem tudo é exterior. Mantenho certa coerência entre meu pensar e meus ditos-escritos. Mas pratico também ‘alguma’ contradição. Mas não a contradição dos incoerentes, dos hipócritas, mas a contradição dos provocadores, dos que duvidam de quase tudo e não se satisfazem com anúncios publicitários, discursos ou ganhos pessoais. É muito cômodo concordar sempre. Acreditar sempre. Estar sempre seguro (ou sentir-se – segurança por acaso existe?). Enfim. Se me contradigo, e da forma que o faço, é pra não deixar certezas pairando no ar, mas sim, dúvidas derramadas pelo chão – e a crônica, assim como a filosofia combativa tem isso: ‘Antes um sátiro que um santo’ (Nietzsche). Sendo assim... ‘VIVA A CONTRADIÇÃO!’

Um comentário:

Paulo Moraes disse...

Direto como um cruzado de direita. Mas não deixa a poesia de lado!