segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

1 ano sem a Lua...

...e quantas vezes eu quis ter cauda

A chuva molhou a terra onde as plantas germinam junto ao corpo peludo do meu cão. E foi uma chuva nova, diferente. Uma chuva de adeus. Agora, os dias são mais tristes quando olho pela janela e já não vejo as patas dianteiras do meu cão sobrando pra fora da sua casinha.  Já não ouço seu latido nem seu resmungo grave e sonoro ecoando. O mundo era mais tolerável quando saíamos para passear lado a lado. Eu olhando em volta enquanto ela cheirava o chão. Não teremos mais a festa canina quando chegávamos em casa depois de algum passeio noturno ou viagem de final de semana, nem tampouco a alegria estabanada e sincera que só um cão pode ter. Minha canina, que eu tanto amava, agora faz uma falta que é do tamanho dela - e ela era uma cadela bem grande! Seus quarenta quilos de amizade verdadeira. Seu olhar de admiração e respeito, mais puro e verdadeiro do que o meu. Meu cão significava tanto pra mim! Anos junto dela, e um condicionado ao outro, numa amizade sincera e recíproca, presos neste mundo mecânico que criaram para limitar as manifestações das nossas naturezas mais descaradas. Ficava, e ainda fico triste em saber que o espaço dos cães que se arriscam livres pelas ruas, foi tomado por concreto, asfalto, carros e gente. Sou gente, mas ainda tenho afinidades animais. Uma das imagens mais belas do mundo, como um poema, é ver uma criança lado a lado com seu cão, brincando, em comunicação telepática, olho no olho, alegria na alegria, sinceridade na sinceridade, natureza na natureza. O mundo sem os cães e sem as crianças seria completamente triste. Meu cão foi um sonho realizado. Sonho de infância. Sempre quis ter um cachorro grande, maior do que eu, em tudo. E tive. E ela se foi. Agora, cada vez que olho pro céu e vejo a lua, lembro dela. Lua era minha companheira que agora falta. E eu a enterrei com minhas próprias mãos no pomar atrás de casa. Como Neruda escreveu num de seus mais belos poemas: “Não há nem houve mentira entre nós. Já se foi e o enterrei, e isso foi tudo.”


em memória da Lua + 02/12/2010


2 comentários:

Anônimo disse...

linda lua, está brilhando junto às estrelas...

Herman ou Niko disse...

saudades dessa grandona!