sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

dois recados...


* pra quem ainda não sabe, anda rolando certa polêmica pelas redes sociais em torno da minha saída do jornal Voz do Oeste, onde eu era cronista diário, assim como o assassinado do professor e vereador Marcelino Chiarello (denunciante de corrupções), e o sumiço do primeiro bloco do programa Estúdio A da Unowebtv que falava de manifestações que ocorrem pelo mundo, e como Xapecó está no mapa (ainda!), não ficou de fora do assunto.. tudo sem muita explicação.. tempos 'estranhos' meus amigos, tempos extranhos.. a partir disso tudo, produzi alguns textos que já foram publicados no jornal, e outros que estão aqui no blog. enfim. leiam, reflitam, divirtam-se.. e tirem suas próprias conclusões.. gracias!

Aos insetos...

Me deixem de lado. Esqueçam minhas músicas, minhas palavras malditas. Queimem todos os meus livros, meus discos, minhas formas de continuar essa minimalista e caótica existência. Que não fique nem a poeira debaixo dos meus sapatos - meu rastro de decadência! Não quero seguidores pegando no meu pé. Nem críticos ou conselheiros me dizendo o que e como fazer ou deveria ter feito. Se quiser ler algo descente, sugiro qualquer coisa de auto-ajuda. Aí você se livra de incômodos e perturbações de ordem existencial-psicológica. Aí você vive sem o peso de uma consciência critica e/ou ousada. Apenas respira e segue a ordem artificial das coisas. Se afasta do perigo, da dor de cabeça, de possíveis indigestões. Tenho um livro escrito que jamais será publicado. Ele fala de coisas impossíveis ou improváveis. De coisas que nenhuma editora vai querer saber. De coisas que nenhum escritor satisfeito com sua literatura vai considerar. Todos fugirão da minha obra como moscas quando fogem do inseticida. “Inseticida!”. Ta aí um bom nome para o meu livro. Nele ouvirão através das paredes carcomidas do seus quartos, cantigas fantasmagóricas de personagens que sempre estiveram nos seus sonhos e/ou pesadelos, mas que vocês nunca perceberam ou não quiseram ouvi-los falar. Só crianças selvagens e velhos dementes viciados no jogo do baralho e jovens-adolescentes rebeldes de causas perdidas e putas depravadas nos seus sonhos de alegria comum e adultos bufões-andarilhos nesse circo asqueroso poderão compreendê-lo e rir dele/com ele – esse meu livro de canções vulgares e alguma eternidade. Esse meu livro underground – que de tão underground nem existe! Sugiro (ou aconselho) que não comprem. Vivam suas vidas melecadas de sonhos açucarados longe desse tipo de literatura. Henry Miller, Bukowski, Efraim Medina Reyes e Pedro Juan Gutiérrez são algumas das referências para essa enfermidade em forma de texto que em breve eu vou parir. Tenho aqui uma pequena mostra em verso pra vocês:

Os bons tempos do matadouro

(...)

“quem nunca esteve num matadouro
sabe pouco da vida
e da morte, menos ainda...

a realidade é um naco de carne no osso duro da vida”.


Lindo, não?!

Em breve! Na banca mais distante da sua casa!



*


Nada acaba, tudo se transforma... (?)

Daqui de onde estou as coisas se mostram diferentes. Durante um ano e alguns meses escrevi crônicas e algumas ‘maldições literárias’ aqui neste jornal. Um espaço aberto e aos poucos construído, conquistado, ocupado, portanto, independente. Um texto, se não escrito, pelo menos publicado, todo santo dia, é bem fácil de se produzir, não é? Quem se arrisca? “Você é louco Herman...”. De louco, todo mundo tem um pouco. Mas louco eu não diria, talvez apaixonado (pelo ofício de escrever) – e todo o apaixonado é um pouco louco. Indicado pela minha amiga (jornalista e escritora – das boas, faça-se justiça!) Fabi, a fabita, atual editora do Voz, foi que eu pude trabalhar nessa coluna. Nunca fui contratado oficialmente pelo jornal, escrevia (escrevo) para o jornal, mas independentemente. Coisa que alguns não compreendem muito bem. Foram muitos textos. Alguns bons outros ruins. Outros ainda, nem chegaram a isso. Falei de tudo um pouco e de quase nada. Neste tempo, nunca fui podado ou controlado. Por isso não me estranha muitos terem me dito: “Tá durando ein Herman!”. E agora que me despeço nesta penúltima crônica, alguns dizem: “Durou muito!”. Não sei se sou um pouco ingênuo ou tenho a segurança de que meus editores (Keli, Flávio e Fabi), sempre foram abertos e admiradores do meu trabalho, mas minha saída do jornal foi uma escolha pessoal. Não fui pressionado a mudar ou me enquadrar, apenas não aceitei uma ‘nova proposta’ vinda do jornal. Se pressionado ou motivado por algo ou alguém, não sei (dou ao leitor o direito de pensar sobre isso), mas a proposta não me caiu bem. Julguei-a incoerente ao meu trabalho e minhas posições. Hoje em Xapecó, devido a alguns acontecimentos no mínimo sujeitos a interpretações e questionamentos, motivos de debates que andam rolando por aí, minha saída do Voz se junta aos fatos. Não estou aqui afirmando nada, apenas comentando um pouco do que anda rolando, e pra mim, nada mais ‘normal’ do que isso, já que estamos falando de um país que se diz democrático e de um meio de comunicação que também promove isso. Agora, cada um pensa conforme sua capacidade de assimilação e crítica, ou conforme seu interesse. Eu sei dos meus. Se estou no meio dos debates e críticas nas redes sociais da vida, pois bem, me certifico de que era lido e admirado por alguns. Agradeço aos que foram meus editores e ao espaço precioso que este jornal teve. Espero que venha algo que dignifique a página 2 deste veículo, assim como eu penso que fiz. Sempre primando pela liberdade de expressão e não apenas pelo discurso que se faz dela. Obrigado! & eu continuo no meu furodebala (espero!). Abraço & saúde aos meus! Talvez continue...


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