sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A crônica...


* Editorial do Voz do Oeste do dia 23/12, sexta-feira, escrita pela amiga e editora chefe:

Sobre questões crônicas
"A estrutura da crônica é uma desestrutura; a ambiguidade é sua lei. A crônica tanto pode ser um conto, como um poema em prosa, um pequeno ensaio, como as três coisas simultaneamente. Os gêneros literários não se excluem: incluem-se. O que interessa é que a crônica, acusada injustamente como um desdobramento marginal ou periférico do fazer literário, é o próprio fazer literário. E quando não o é, não o é por causa dela, a crônica, mas por culpa dele, o cronista. Aquele que se apega a notícia, que não é capaz de construir uma existência além do cotidiano, este se perde no dia-a-dia e tem apenas a vida efêmera do jornal. Os outros estes transcendem e permanecem." (PORTELLA, Eduardo. Visão prospectiva da literatura brasileira, 1979, p. 53-4. In: Vocabulário técnico da literatura brasileira. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1979.)
O fazer literário. Literatura, não notícia. Esse é o trunfo da crônica e o trunfo do cronista. Enquanto no jornalismo temos sempre que verificar todos os lados possíveis, na literatura há a abertura para opinião. É possível cobrar um repórter por um determinado direcionamento, mas nunca um cronista.
O cronista tem nas mãos a chance de ousar muito mais, de não agradar, de dizer o que pensa sem precisar por isso na boca de nenhuma fonte. Sua visão de mundo é o que o sustenta, não as notícias, não os fatos. O cronista é um poeta, é um artista. E não se pode calar um artista.
Fabi (fabita)


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