domingo, 4 de dezembro de 2011

Cartas na mesa... ao jogo!

Chegamos... mas vamos para onde mesmo?

Começamos bem o mês do Natal (com o assassinato de um vereador por motivos políticos). O mês onde os cristãos comemoram o nascimento de seu ícone: Jesus, aquele que pregava a paz, o amor, a vida. Mas, parece termos voltado à Idade Média, onde qualquer coisa que a Igreja julgasse contra seus ‘princípios’ era condenado, num processo conhecido como ‘caça as bruxas’. Xapecó, para quem não conhece bem, ou para aqueles que não acordam da ilusão capitalista de progresso e futuro brilhante que aqui é propagandeado, é um paraíso. Mas, nos bastidores, o bicho às vezes pega. Como na ditadura militar que, enquanto o país crescia (e se endividava, diga-se de passagem), com suas suntuosas construções e crimes cotidianos minimizados, futebol e carnaval bombando na televisão, o pau comia nos ‘porões da ditadura’. São os bastidores de um espetáculo armado para o entretenimento e a alienação. Quem tem capacidade e/ou ousadia para ler nas entrelinhas desse espetáculo, pode ver claramente que além das ‘maravilhas’ que são expostas para um ‘bem estar social’, existe um ‘show de horrores’. E no mínimo, no mínimo, dentro de todo esse contexto (salvando as crianças e velhinhos), somos, TODOS NÓS, cúmplices, de uma forma ou de outra. Ou devido à falta de interesse na busca pelo conhecimento ou por acomodação e covardia - ou seja, pelo consentimento, pois como diria o cantor: “quem cala consente!”. Muitos foram convencidos e acreditam piamente que a liberdade existe, ‘esta liberdade’, este conceito de liberdade onde estamos condicionados, presos, onde fomos escravizados. Me refiro à liberdade econômica, que é a que o mundo capitalista ocidental judaico-cristão conhece e pratica. Então, nos achamos livres (mas isso só quando temos dinheiro no bolso, não é?). Livres para ir e vir, postar qualquer coisa nos nossos blogs e nas redes sociais – e tudo vira festa! Agora, quando o bicho pega, nos irritamos e nossas vaidades e nosso individualismo pequeno (ou grande) burguês vêm à tona. Outro dia vi no facebook uma imagem de um policial que crivou de bala dois jovens assaltantes que foram mal sucedidos na sua investida contra ele. Acontece! Mas na postagem, alguém escreveu que “bandido tem que ser tratado assim, à bala!”, e “Graças a Deus!”. Então, bens materiais são mais importantes do que a própria vida para o cristão? E o ‘Não matarás’, mandamento bíblico dos cristãos? E saber que parte significativa daqueles que se dizem cristãos pensam assim. Maquiagem? Hipocrisia? Falácia? Não sei, não sei. No mínimo, cumplicidade...



O jogo

Mais um trago pro mundo girar ao contrário, porque do jeito que está não dá. A coisa ta triste. Pesada. Uma nuvem de censura no ar. Queima de arquivo na vizinhança. Alguém que sabia demais apagado por forças ‘ocultas’. Crime político, provavelmente. O ‘politicamente correto’ na fala, na escrita. Censura e poda novamente. Quem se manifesta em risco. Quem ama, sente, troca, se sensibiliza, em risco. Ameaças de todos os lados, por todos os cantos. Sociedade doente, cercada de convicções bestas e ordinárias. Crianças ingênuas no meio disso tudo. Recém começaram a sofrer a poda das suas possibilidades. Serão reprodutoras desse jogo se tudo continuar assim. Um jogo imundo, onde os vencedores já estão garantidos – se cumprirem com as regras, é claro! Mas as regras não são tão claras. Elas confundem, enganam, ludibriam, distorcem, equivocam, usurpam, humilham, culpabilizam e até matam se for preciso. Eis o jogo! E você acha que não está nele. Desculpe informá-lo, mas todos estamos! De um modo ou de outro, todos jogam. Mas isso não significa também, que devemos seguir as regras como elas são dadas. Percebam quem está com as cartas. Além dos reis e rainhas e de toda a corte, do bispo e outros, existem os coringas. E esses são mais amplos em possibilidades de jogo, porém, os mais cobiçados e, por outro lado, indesejáveis quando estão nas mãos dos oponentes. Lendo o magnífico livro de Antonin Artaud, ‘Van Gogh, o suicidado pela sociedade’, pela terceira ou quarta vez, chego nessa citação: “E assim foi que Van Gogh morreu suicidado, porque o consenso da sociedade já não pôde suportá-lo”. E o jogo é um consenso, onde no mínimo, todos somos cúmplices, já que jogamos. Porque se somássemos forças e burocratizássemos menos nosso modo de ver e aceitar o mundo, nosso dia a dia, se quiséssemos no fundo descobrir, aprimorar esse mundo, essa sociedade, faríamos. Como? De algum jeito. Às vezes, as coisas só são complicadas porque nós mesmos complicamos, fazendo desse jogo, um jogo de azar, literalmente. Não me pergunte como, descubra e faça você mesmo, é o único jeito. Se eu disser como, para aqueles que me seguirem ou acreditarem em mim, eu estarei dando as cartas. E não é isso! Mesmo porque não sou tão confiável assim (lembrem-se, sou cronista - posso ser poeta, mas não um líder). Enfim... O jogo continua! Mas de que lado da mesa você está jogando?


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