terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Justiça!?


Muito provavelmente a maior manifestação da história em caminhada pelo centro de Xapecó . Penso que tanta gente reunida, além do possível ‘revoltante’ motivo deste caso, foi possível ao fato de que Marcelino Chiarello, além de homem público, era professor e se mostrava sempre ao lado de movimentos sociais, dos mais variados. Além da diversidade desses movimentos, estavam os sindicatos de trabalhadores, partidos da esquerda xapecoense e regional, professores, alunos, igrejas (principalmente a da linha da teologia da libertação – tendência progressista-esquerdista muito atuante na América Latina), e pessoas independentes disso tudo. Por ter essa ligação ampla com os vários setores da sociedade, Marcelino (em torno dele), conseguiu reunir uma multidão, que indignada com sua morte e seus possíveis motivos, clamava pela ‘verdade’ numa caminhada silenciosa pelas ruas da cidade, onde prevaleceu o preto como sinal de protesto e luto. Batidas lentas de tambores davam o ritmo dos passos que, lentos, se faziam notar pelo centro de Xapecó. Vi pessoas de várias etnias e origens juntas nessa caminhada. Vi crianças e jovens, velhos e adultos, todos com um objetivo comum: o esclarecimento. ‘Justiça seja feita!’ ‘Não nos calaremos!’ ‘Calaram um professor!’, entre outras, foram frases anunciadas em cartazes e faixas. Ouvi vozes mais radicais, juvenis e femininas que vinham de longe e que diziam: “Que tal arrancar a cabeça do busto do Coronel Bertaso da praça... Será que iriam gostar?”. Mas tudo foi muito pacifico e tranqüilo, como ‘manda’ a democracia, a não ser, por um e outro motorista ‘irritadinho’ que passava buzinando e xingando quem caminhava. Sempre tem os que se acham donos do espaço público com seus carrinhos semi-luxuosos. Intolerantes com as diversidades e manifestações. Esse tipo de gente descontrolada é perigosa, e se deixar, são capazes de partir para a briga. Em alguns lugares (não tão longe daqui – ou bem perto), isso pode até acabar em linchamento ou atropelamento. Manifestantes tem aura de ‘bandidos’: assim rezou um dia a tradição conservadora e ignóbil e alguns acreditaram – até hoje! Só senti a falta do prefeito, ou no mínimo de algum representante do poder público, já que se trata de um caso terrível para a ‘imagem’ do município e, além de tudo, é uma questão política, até formal, além de humana, sendo um crime contra um homem público. Mas talvez eu é que não tenha visto, e alguém do poder público tenha aparecido. Mas o importante é que o povo saiu de casa e foi pra rua, já que a rua também é lugar de gente (não só dos despossuídos e desprezados). E esse fato, além da morte de uma pessoa, se realmente foi um crime político, representa uma ameaça séria ao que se tem por democracia.


Um comentário:

Jaques de Toledo disse...

bela opinião. A verdade vencerá o medo!